A discutida relação entre famosos e religião

Religião não se discute, diz o ditado popular, mas na verdade é sempre um assunto controverso. Presente e fundamental nas últimas eleições no Brasil, assim como motivo de guerras entre países hoje, os preceitos religiosos mostram que mesmo o mundo passando por entraves ideológicos (capitalismo, comunismo ...), eles ainda são peças chaves para a discussão de ideias. E se um famoso, com toda sua popularidade, coloca seu prestígio para divulgar alguma doutrina religiosa, aí sim que o tema é mais do que discutido.

É o caso clássico de Tom Cruise que aderiu à Cientologia – uma religião razoavelmente recente criada por L. Ron Hubbard na década de 1950. O astro hollywoodiano é uma espécie de embaixador da seita. Mas, ao mesmo tempo, quando Cruise se divorciava de Katie Holmes, muitos jornais colocavam a culpa na Cientologia que, segundo os tabloides, fazia o ator ter “hábitos estranhos”.

Outra relação muito famosa entre celebridade e religião é o caso de Roberto Carlos e o catolicismo. Cristão fervoroso, o rei divulga sua fé através de suas canções desde o começo de sua carreira. Entre as mais conhecidas estão: Jesus Cristo, Oração de um Triste, Todos Estão Surdos, A Montanha, entre outras.

O budista Richard Gere também aproveita a fama para denunciar a opressão que o povo tibetano, lar do budismo atual, sofre com a opressão da China, que invadiu seu território em 1950.Dalai Lama, o mentor espiritual da religião, está refugiado na Índia.

Maria Bethânia, ligada ao candomblé, também já gravou diversas músicas sobre o culto afro-brasileiro em seus álbuns. Iansã, composição de Caetano Veloso e Gilberto Gil, foi a própria cantora que pediu para que os músicos a fizessem em homenagem a um de seus orixás, a rainha dos raios e das tempestades.

Nem sempre a relação é assim tão feliz. Tim Maia ficou inspiradíssimo quando entrou na Cultura Racional, que diz não se considerar uma religião, mas enfim... O compositor gravou dois clássicos hoje da MPB, Tim Maia Racional Vol. 1 e Vol. 2 que logo em um momento posterior seriam álbuns renegados pelo artista, decepcionado com a doutrina.

É inevitável que quando uma celebridade se aproxima de algum religião, mesmo sem querer, acaba divulgando e propagando suas ideias. Foi assim com o Santo Daime e Lucélia Santos, Ney Matogrosso e Maitê Proença. Esta última disse em recente entrevista que viveu “momentos sublimes” com o daime.

O mesmo podemos dizer de Sula Miranda e Heloísa Périssé. A Monalisa de Avenida Brasil vai para a igreja todos os finais de semana e já declarou para o Virgula Famosos: “Sou presbiteriana, sempre fui muito religiosa. A minha vida inteira frequentei alguma coisa e há 13 anos eu me batizei em uma igreja presbiteriana e nunca mais saí. Realmente, me sinto muito feliz. Jesus me basta”.

A cantora e apresentadora Sula Miranda, após atingir sucesso nacional na música sertaneja nos anos 1980 e 1990, entrou para a Igreja Evangélica e passou a somente a cantar temas gospel. Ao ser perguntada sobre voltar a cantar sertanejo no seu novo trabalho que comemora os 25 anos de sua carreira, a rainha dos caminhoneiros não hesitou.

“Acredito que não exista nada que me impeça de professar a minha fé. Como hoje tenho esses dois públicos – o público sertanejo romântico e o público evangélico – os dois vão poder curtir o meu trabalho. Eles [os evangélicos] também amam, também se apaixonam, então eles também vão curtir esse trabalho sertanejo. Assim como o público da música sertaneja também tem a sua fé e vai curtir o trabalho com louvor", disse a cantora para o Virgula Famosos.

Enfim, na relação entre famosos e religião, temos um lado que ganha com o valor de ter uma espiritualidade – as celebridades -, mas não podemos negar que o outro ganha com um merchandising mesmo que indireto de suas crenças e doutrinas.