quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Concurso no Facebook vai premiar o primeiro que morrer

A fama é algo almejado por muitos, mas será que vale a pena buscá-la a qualquer custo? Uma empresa israelense, responsável pela criação de aplicativos para o Facebook, oferece a fama como prêmio para os internautas. Para participar, o usuário precisa gravar um vídeo para ser exibido após sua morte. O primeiro que morrer, entre todos os inscritos, terá o testemunho publicado em sites e portais noticiosos de todo o mundo.

A competição, intitulada “If I Die First” (Se eu morrer primeiro), promove o aplicativo “If I Die” (Se eu morrer). O programa virtual permite aos internautas cadastrados a criação de uma mensagem de despedida, em texto ou vídeo, para ser publicada no mural da rede social só após a morte de cada um deles.
A tecnologia foi criada por Eran Alfronta em 2011 e já atraiu mais de 200 mil usuários em 42 países diferentes. “Consideramos que um concurso seria o apropriado para que o aplicativo tivesse impacto. Todas as pessoas têm direito a que suas últimas palavras sejam conhecidas, que o seu legado seja público”, disse Alfronta, fundador e executivo-chefe da empresa, à agência espanhola EFE.

Na opinião do psicólogo social Odair Furtado, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o aplicativo vende uma falsa esperança da vida eterna. “As pessoas querem ser imortais, querem perdurar, mas a gente sabe que as possibilidades de viver para sempre não existem, pois ninguém conseguiu isso até então. Alguns são eternizados pelo legado, pelas obras. Quando não se tem isso, passa-se a acreditar que qualquer forma de perpetuar a vida vale a pena”, disse o psicólogo.

Ele acrescenta ainda que isso é o reflexo da sociedade do espetáculo, na qual a sociedade valoriza em excesso a questão da exposição. “A promessa do aplicativo é uma promessa vã, pois não se tem a garantia de que vá realmente funcionar. O vencedor pode até ganhar seus 15 minutos de fama, mas isso será efêmero. E o pior: nem estará vivo para ver. Não vai demorar para que ele volte ao anonimato”, acrescenta o professor.

O criador do aplicativo alerta que, se houver alguma suspeita de suicídio ou falecimento deliberado, o relato não será publicado. “Temos uma política antissuicídio muito rigorosa”, comentou Alfronta.

A campanha já conta com mais de 2.000 inscritos. A empresa estima que o ganhador será anunciado em um prazo de 19 meses.

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