O HOJE VIROU ONTEM
Vivemos um mundo totalmente novo no que se diz respeito ao uso da tecnologia, quando penso que nada mais de novo e revolucionário pode ser criado, me surpreendo com um novo método cirúrgico orientado eletronicamente ou uma nova engenhoca produzida em série para nosso entretenimento. A tecnologia anterior, claro, passa a ser rapidamente descartável. Os benefícios desse mundo ágil e conectado são incontáveis, mas seus malefícios têm sido deixados de lado em nome do NOVO. Um novo modelo de telefone, netbook, tablet, smartphone, vídeo game etc. Todos querem estar inseridos e o “boom” de consumo torna-se mais e mais rápido, assim como seu desuso. Você conhece o Facebook, Twitter, Youtube, Messenger… e o Orkut, já foi a época ou ainda é? Com todas estas plataformas para troca de informação em rede estimula-se a área cognitiva (aprendizado com jogos, quantidade de informações etc.), o campo da percepção, a globalização comercial e cultural, e em segundos consigo me conectar com alguém que está do outro lado do mundo, ouvi-lo e vê-lo a custo relativamente baixo. Imagine que a poucas décadas o meio mais rápido de comunicação à distância era o telegrama. O avanço é tão rápido, que leis precisam ser adaptadas e novas leis criadas rapidamente, para possibilitar, por exemplo, o uso de teleconferência pela Justiça. Nas salas de cinema norte americanas a moda agora é o 4D, onde vento, borrifos d´água, e movimento da poltrona interagem com as imagens na tela, flocos de neve caem do teto e os óculos redimensionam a profundidade da imagem. Essa tecnologia já está no Brasil. Em pouco tempo o mágico e encantador se torna efêmero, pois estamos tão acelerados e esperamos sempre algo novo e diferente, que com isso as pessoas, principalmente os mais jovens e expostos a esses avanços, tornam descartáveis também os relacionamentos, ou seja, o seu próximo.
COMPORTAMENTE ALTERADO
É evidente, e vejo isso constantemente no atendimento em consultório, a modificação comportamental influenciada diretamente pela tecnologia. Estamos nos robotizando. As pessoas estão intolerantes umas com as outras. O semáforo abre e imediatamente o carro de traz buzina; a atendente do drive thru olha feio enquanto você tenta rapidamente escolher um lanche; enquanto o micro roda o software a pessoa bate várias vezes na tecla para ir mais rápido e no mês seguinte manda colocar mais memória. Como os mais jovens nasceram com essas tecnologias e estão com seu intelecto em formação, estão mais expostos a confundirem, não racionalmente, homem e máquina. Quem, como eu, viveu a era da internet discada e cara, aprendeu a exercer a paciência, a reconexão, a maior limitação da máquina. Hoje o sujeito dirige e manda sms ao mesmo tempo, enquanto deixa o lanche esperando no banco ao lado. A moça encosta a cabeça no vidro do ônibus lotado com seu fone nos ouvidos e não quer papo. Os carros mais potentes e esse ritmo frenético induzem o jovem a correr, e correndo surge o imprevisto e … o acidente. É fato que a força da idade faz com que o jovem se sinta indestrutível, quando somada à influência da tecnologia, tudo pode acontecer. Jovens chegam ao consultório encaminhados pelos pais, pois tornaram-se viciados e passam em média 10, 12 ou mais horas diárias conectados à internet, alguns com dificuldades nos estudos, não porque não são capazes, mas sim pelo fato de passarem a noite conectados e não dormirem o necessário, com isso acabam comprometendo a saúde; alguns desenvolvem enxaqueca decorrente do uso excessivo de estimulo que a tecnologia proporciona. Há casos em que jovens chegam a convulsionar.
VIREI ROBÔ
Outras mudanças comportamentais que tenho observado em decorrência do mau uso das redes sociais são: Jovens que anularam a vida social e abandonam as atividades físicas feitas anteriormente, abandonam os amigos, deixam de freqüentar a Igreja, de participar do grupo de jovens, tornam-se mais tímidos, com dificuldades nos relacionamentos pessoais e quando questionados relatam o grande números de amigos virtuais em sua rede social, como forma de negação. Alguns desenvolvem fobia social e já não conseguem mais ir a qualquer lugar onde há muita gente. Principalmente o adolescente, que está passando pelo conflito de definição da personalidade, alguns se tornam tão viciados em internet e jogos online ou compras, que são comparados no tocante aos sintomas e comportamento aos dependentes químicos. Alguns ficam extremamente agressivos com a família e tão dependentes, que quando são proibidos de se conectarem chegam a sentir angústia, sentimento de vazio, e ficam confusos . Alguns chegam a colapsos nervosos, tal é a dependência.
TIPOS DE ROBÔS
O conselho Nacional de Psicologia classifica a TECNOMANIA em três categorias: tecnolatria, tecnodependência e o vício por jogos eletrônicos.
Tecnolatria: É o vício por uso de aparelhos eletrônicos como celulares, computadores, onde o viciado chega a passar mais de 10 horas conectado, buscando informações de assuntos que lhe interessam, assim como usa de forma excessiva as ferramentas como: facebook, msn, twitter etc.
Tecnodependência: Pessoa que sente a necessidade de sempre estar comprando novos aparelhos eletrônicos sempre que sai uma tecnologia nova.
Vícios em jogos eletrônicos: São conhecidos como os “gamers”, podem sofrer com depressão e chegam a confundir o real com o virtual, necessitando até de tratamento psiquiátrico.
Observo que hoje, em reunião social como em restaurantes, chácaras etc, adolescentes, jovens e adultos que não interagem entre si, e mesmo estando em grupo continuam só, isolados, com o celular da moda, mandando mensagem na internet, com fone nos ouvidos, enquanto o restante do grupo sorri, interage, conversa e troca inter-relações do mundo real e presente. Jovens chegam a estar um de frente para o outro e se falam por mensagens de sms.
TROCANDO AS BOLAS
O interessante é que nos imaginamos livres, integrados, pois estamos cada dia mais próximos da tecnologia. Podemos falar e nos expressar através dela, quando na verdade uma grande parte das pessoas está aprisionada. Alguns se sentem tão livres, que postam tudo o que fazem, e acabam até expondo a intimidade que não gostariam de ver exposta. Aceitam como “amigo” pessoas que não sabem de onde ou quem são, e assim podem vir a colocar em risco sua vida e a de suas famílias. Já há quadrilhas especializadas em colher dados via rede social e seqüestrar ou assaltar no mundo real. Antigamente as garotas completavam 15 anos e ganhavam o seu diário, onde escreviam sobre os seus sentimentos e só era visto pelas melhores amigas. Geralmente era fechado com chaves. Hoje tudo está tão visível, que muitos dos casos acabam nos consultórios, onde o paciente chega mau, triste, com brigas no namoro, nas amizades, devido a fofocas pelo fruto das excessivas exposições. Casais chegam com muitos problemas graves ao meu consultório, pois as pessoas hoje estão tão rápidas com as máquinas que fazem e não sentem, só depois param para pensar sobre o que fizeram, buscam relacionamentos virtuais como formas de escapes e não conseguem sentir o que isso poderá lhes causar.
Não são poucos os jovens que tenho observado na clínica que têm substituído o presencial pelo virtual, onde passam a viver só da fantasia e não de realidade, ficam o tempo todo vivendo um personagem virtual com personalidade e configuração diferente do real, amaciando o ego um do outro para ouvirem o que desejam. Palavras bonitas e elogios. O “virtual politicamente correto”. Não estabelecem nenhum relacionamento real. Outros, escondidos atrás de um teclado ou até com um “fake” (perfil falso), disparam ofensas, calúnias, mentiras e agressões verbais, em nome da “liberdade de expressão”.
É possível um casal de jovem se conhecer pela internet, chegar ao namoro ou casamento. O importante é que você possa usar tudo de bom que a tecnologia possa te oferecer, mas não para o seu mal ou para o mal do outro, mas para o bem. Se você souber usufruir da tecnologia de maneira equilibrada e sensata, ela poderá inclusive servir de instrumento para o primeiro contato real. Após análise daquele ser virtual, e um passo-a-passo, via skype, telefone, encontro com mais amigos juntos, afinal, você não quer arriscar sua vida na mão de um DESconhecido(a).
Jamais deixe de viver a vida de forma real para viver aprisionado ao virtual. Saiba que quando você está observando sites de exibicionismo, perversidade, delitos sexuais, não deixa de ser pecado porque é virtual. Tão pouco golpes, invasões ou ofensas deixam de causar danos a você ou a outros porque você está em casa ou no micro do trabalho. Tanto, que hoje há Delegacias reais (e não virtuais) especializadas em crimes cibernéticos, e pessoas são presas por expor a privacidade de outros no espaço virtual.
NOSSO CHIPSET É HUMANO
Como tanta modernidade e facilidade, nunca o ser humano se mostrou tão insatisfeito e infeliz, ansioso e até depressivo. O ser humano, com esse novo tempo onde tudo tem que se resolver de forma imediata, acabou por desenvolver ansiedades excessivas, devido às cobranças do mundo acelerado, então quando precisa resolver algo que não dependa somente de si, adoece. O ser humano atual tem sempre a sensação de estar perdendo algo e de estar ultrapassado. E sempre atrasado. Sempre há mais tarefas do que se pode realizar. A depressão vem como forma de o ser humano não achar que sua conquista tenha valor, pois acredita que tem que estar todo dia conquistando algo novo e a facilidade de certas coisas não lhe proporciona o bem-estar. A conquista torna-se efêmera. Com isso não libera o hormônio do prazer, que geralmente é liberado pelo esforço da conquista.
Cada dia mais tenho observado as pessoas adoecendo, e já se chegou ao ponto de pessoas dizerem que não irão constituir uma família real, pois têm uma família virtual, inclusive com filhos virtuais, chegando à patologia grave. Às vezes chego a imaginar, em um suposto velório e enterro real de uma dessas pessoas com zero amigos reais e 25 mil amigos virtuais, quantos estariam lá de fato, no enterro real.
Como em tudo em nossa vida, principalmente nós cristão temos que ter equilíbrio para aproveitar tudo o que as tecnologias nos proporcionam, como estudar, nos informar, inclusive para evangelizarmos pessoas que não alcançaríamos não fosse pela tecnologia.
Embora a grande velocidade com que as coisas se renovam e se desenvolvem, jamais poderemos nos esquecer que não somos Deus, a ciência pode te avançado ao ponto de contribuir para a cura de muitas doenças antes incuráveis, mas muitos acabam e morrem pelo tédio existencial.
Também é importante lembrar sempre que quem cria a tecnologia é o próprio homem.
Falei sobre o vício da tecnologia e seu perigo, mais é importante deixar claro que o vício, em sua maioria, tem a ver com o vazio existencial, e se viciam como forma de fuga de seus problemas, de seus pensamentos, de sua tristeza. Fuga, pois ninguém nem nada poderá suprir de fato o teu vazio interior. O Único capaz de te preencher por inteiro, capaz de te entender é Deus. Em segundo lugar aquelas pessoas próximas, de confiança, como pais, avós, teu pastor ou líder. Estes você pode “curtir” pra vida toda.
ATUALIZANDO O SISTEMA
Convido você a fazer uma analise pessoal. Responda pra você mesmo.
Estou usufruindo de maneira adequada da tecnologia?
O que espero de um relacionamento virtual?
Consigo me relacionar com minha família, amigos etc?
Como me sinto quando esqueço em casa o meu celular?
Consigo ficar um dia inteiro sem usar a internet e/ou as redes sociais?
Qual é minha prioridade?
Como estou com Deus?
Quanto tempo do meu dia dedico à Ele e à Sua causa?
Eu desligo o celular na hora do culto?
Estou observando o que sinto, ou estou funcionando no automático, como um robô?
Eu consigo me colocar no lugar do outro?
Amo ao próximo?
Se você ficou irritado ao ler esse artigo, provavelmente você é equilibrado no uso das novas tecnologias e achou meio exageradas as consequências do mau uso; ou, ao contrário, você está tão inserido no contexto que se sentiu ofendido. As consequências negativas pelo excesso de uso e apego na tecnomania mudam de pessoa pra pessoa. As patologias aqui descritas não generalizam os usuários das novas tecnologias, mas creia, diversas pessoas sofrem com todos os males aqui descritos, e recebo diariamente exemplos assim em meu consultório. Por isso este alerta.
EU SOU HUMANO
O computador poderá te fornecer inúmeras informações que você precisa, colocadas pelo ser humano. Mas saiba que ele jamais terá a autoconsciência que o ser humano possui. Ele jamais substituirá o poder de um sorriso, de um abraço, de um aperto de mão, de uma roda de amigos e um violão, de uma partida de volei ou futebol no quintal de casa, da sorveteria com o grupo de amigos da igreja após o ensaio dos jovens. Você é responsável por suas escolhas, você decide até onde ir e quando mudar, se você tem dúvidas ou está com medo, não se desespere e peça a direção de Deus, peça ajuda de alguém mais experiente. Ser robô não. Ser HUMANO.
Fonte:Geração JC
Valquíria Salinas é psicóloga, conferencista, membro da AD em Sorocaba (SP)
Vivemos um mundo totalmente novo no que se diz respeito ao uso da tecnologia, quando penso que nada mais de novo e revolucionário pode ser criado, me surpreendo com um novo método cirúrgico orientado eletronicamente ou uma nova engenhoca produzida em série para nosso entretenimento. A tecnologia anterior, claro, passa a ser rapidamente descartável. Os benefícios desse mundo ágil e conectado são incontáveis, mas seus malefícios têm sido deixados de lado em nome do NOVO. Um novo modelo de telefone, netbook, tablet, smartphone, vídeo game etc. Todos querem estar inseridos e o “boom” de consumo torna-se mais e mais rápido, assim como seu desuso. Você conhece o Facebook, Twitter, Youtube, Messenger… e o Orkut, já foi a época ou ainda é? Com todas estas plataformas para troca de informação em rede estimula-se a área cognitiva (aprendizado com jogos, quantidade de informações etc.), o campo da percepção, a globalização comercial e cultural, e em segundos consigo me conectar com alguém que está do outro lado do mundo, ouvi-lo e vê-lo a custo relativamente baixo. Imagine que a poucas décadas o meio mais rápido de comunicação à distância era o telegrama. O avanço é tão rápido, que leis precisam ser adaptadas e novas leis criadas rapidamente, para possibilitar, por exemplo, o uso de teleconferência pela Justiça. Nas salas de cinema norte americanas a moda agora é o 4D, onde vento, borrifos d´água, e movimento da poltrona interagem com as imagens na tela, flocos de neve caem do teto e os óculos redimensionam a profundidade da imagem. Essa tecnologia já está no Brasil. Em pouco tempo o mágico e encantador se torna efêmero, pois estamos tão acelerados e esperamos sempre algo novo e diferente, que com isso as pessoas, principalmente os mais jovens e expostos a esses avanços, tornam descartáveis também os relacionamentos, ou seja, o seu próximo.
COMPORTAMENTE ALTERADO
É evidente, e vejo isso constantemente no atendimento em consultório, a modificação comportamental influenciada diretamente pela tecnologia. Estamos nos robotizando. As pessoas estão intolerantes umas com as outras. O semáforo abre e imediatamente o carro de traz buzina; a atendente do drive thru olha feio enquanto você tenta rapidamente escolher um lanche; enquanto o micro roda o software a pessoa bate várias vezes na tecla para ir mais rápido e no mês seguinte manda colocar mais memória. Como os mais jovens nasceram com essas tecnologias e estão com seu intelecto em formação, estão mais expostos a confundirem, não racionalmente, homem e máquina. Quem, como eu, viveu a era da internet discada e cara, aprendeu a exercer a paciência, a reconexão, a maior limitação da máquina. Hoje o sujeito dirige e manda sms ao mesmo tempo, enquanto deixa o lanche esperando no banco ao lado. A moça encosta a cabeça no vidro do ônibus lotado com seu fone nos ouvidos e não quer papo. Os carros mais potentes e esse ritmo frenético induzem o jovem a correr, e correndo surge o imprevisto e … o acidente. É fato que a força da idade faz com que o jovem se sinta indestrutível, quando somada à influência da tecnologia, tudo pode acontecer. Jovens chegam ao consultório encaminhados pelos pais, pois tornaram-se viciados e passam em média 10, 12 ou mais horas diárias conectados à internet, alguns com dificuldades nos estudos, não porque não são capazes, mas sim pelo fato de passarem a noite conectados e não dormirem o necessário, com isso acabam comprometendo a saúde; alguns desenvolvem enxaqueca decorrente do uso excessivo de estimulo que a tecnologia proporciona. Há casos em que jovens chegam a convulsionar.
VIREI ROBÔ
Outras mudanças comportamentais que tenho observado em decorrência do mau uso das redes sociais são: Jovens que anularam a vida social e abandonam as atividades físicas feitas anteriormente, abandonam os amigos, deixam de freqüentar a Igreja, de participar do grupo de jovens, tornam-se mais tímidos, com dificuldades nos relacionamentos pessoais e quando questionados relatam o grande números de amigos virtuais em sua rede social, como forma de negação. Alguns desenvolvem fobia social e já não conseguem mais ir a qualquer lugar onde há muita gente. Principalmente o adolescente, que está passando pelo conflito de definição da personalidade, alguns se tornam tão viciados em internet e jogos online ou compras, que são comparados no tocante aos sintomas e comportamento aos dependentes químicos. Alguns ficam extremamente agressivos com a família e tão dependentes, que quando são proibidos de se conectarem chegam a sentir angústia, sentimento de vazio, e ficam confusos . Alguns chegam a colapsos nervosos, tal é a dependência.
TIPOS DE ROBÔS
O conselho Nacional de Psicologia classifica a TECNOMANIA em três categorias: tecnolatria, tecnodependência e o vício por jogos eletrônicos.
Tecnolatria: É o vício por uso de aparelhos eletrônicos como celulares, computadores, onde o viciado chega a passar mais de 10 horas conectado, buscando informações de assuntos que lhe interessam, assim como usa de forma excessiva as ferramentas como: facebook, msn, twitter etc.
Tecnodependência: Pessoa que sente a necessidade de sempre estar comprando novos aparelhos eletrônicos sempre que sai uma tecnologia nova.
Vícios em jogos eletrônicos: São conhecidos como os “gamers”, podem sofrer com depressão e chegam a confundir o real com o virtual, necessitando até de tratamento psiquiátrico.
Observo que hoje, em reunião social como em restaurantes, chácaras etc, adolescentes, jovens e adultos que não interagem entre si, e mesmo estando em grupo continuam só, isolados, com o celular da moda, mandando mensagem na internet, com fone nos ouvidos, enquanto o restante do grupo sorri, interage, conversa e troca inter-relações do mundo real e presente. Jovens chegam a estar um de frente para o outro e se falam por mensagens de sms.
TROCANDO AS BOLAS
O interessante é que nos imaginamos livres, integrados, pois estamos cada dia mais próximos da tecnologia. Podemos falar e nos expressar através dela, quando na verdade uma grande parte das pessoas está aprisionada. Alguns se sentem tão livres, que postam tudo o que fazem, e acabam até expondo a intimidade que não gostariam de ver exposta. Aceitam como “amigo” pessoas que não sabem de onde ou quem são, e assim podem vir a colocar em risco sua vida e a de suas famílias. Já há quadrilhas especializadas em colher dados via rede social e seqüestrar ou assaltar no mundo real. Antigamente as garotas completavam 15 anos e ganhavam o seu diário, onde escreviam sobre os seus sentimentos e só era visto pelas melhores amigas. Geralmente era fechado com chaves. Hoje tudo está tão visível, que muitos dos casos acabam nos consultórios, onde o paciente chega mau, triste, com brigas no namoro, nas amizades, devido a fofocas pelo fruto das excessivas exposições. Casais chegam com muitos problemas graves ao meu consultório, pois as pessoas hoje estão tão rápidas com as máquinas que fazem e não sentem, só depois param para pensar sobre o que fizeram, buscam relacionamentos virtuais como formas de escapes e não conseguem sentir o que isso poderá lhes causar.
Não são poucos os jovens que tenho observado na clínica que têm substituído o presencial pelo virtual, onde passam a viver só da fantasia e não de realidade, ficam o tempo todo vivendo um personagem virtual com personalidade e configuração diferente do real, amaciando o ego um do outro para ouvirem o que desejam. Palavras bonitas e elogios. O “virtual politicamente correto”. Não estabelecem nenhum relacionamento real. Outros, escondidos atrás de um teclado ou até com um “fake” (perfil falso), disparam ofensas, calúnias, mentiras e agressões verbais, em nome da “liberdade de expressão”.
É possível um casal de jovem se conhecer pela internet, chegar ao namoro ou casamento. O importante é que você possa usar tudo de bom que a tecnologia possa te oferecer, mas não para o seu mal ou para o mal do outro, mas para o bem. Se você souber usufruir da tecnologia de maneira equilibrada e sensata, ela poderá inclusive servir de instrumento para o primeiro contato real. Após análise daquele ser virtual, e um passo-a-passo, via skype, telefone, encontro com mais amigos juntos, afinal, você não quer arriscar sua vida na mão de um DESconhecido(a).
Jamais deixe de viver a vida de forma real para viver aprisionado ao virtual. Saiba que quando você está observando sites de exibicionismo, perversidade, delitos sexuais, não deixa de ser pecado porque é virtual. Tão pouco golpes, invasões ou ofensas deixam de causar danos a você ou a outros porque você está em casa ou no micro do trabalho. Tanto, que hoje há Delegacias reais (e não virtuais) especializadas em crimes cibernéticos, e pessoas são presas por expor a privacidade de outros no espaço virtual.
NOSSO CHIPSET É HUMANO
Como tanta modernidade e facilidade, nunca o ser humano se mostrou tão insatisfeito e infeliz, ansioso e até depressivo. O ser humano, com esse novo tempo onde tudo tem que se resolver de forma imediata, acabou por desenvolver ansiedades excessivas, devido às cobranças do mundo acelerado, então quando precisa resolver algo que não dependa somente de si, adoece. O ser humano atual tem sempre a sensação de estar perdendo algo e de estar ultrapassado. E sempre atrasado. Sempre há mais tarefas do que se pode realizar. A depressão vem como forma de o ser humano não achar que sua conquista tenha valor, pois acredita que tem que estar todo dia conquistando algo novo e a facilidade de certas coisas não lhe proporciona o bem-estar. A conquista torna-se efêmera. Com isso não libera o hormônio do prazer, que geralmente é liberado pelo esforço da conquista.
Cada dia mais tenho observado as pessoas adoecendo, e já se chegou ao ponto de pessoas dizerem que não irão constituir uma família real, pois têm uma família virtual, inclusive com filhos virtuais, chegando à patologia grave. Às vezes chego a imaginar, em um suposto velório e enterro real de uma dessas pessoas com zero amigos reais e 25 mil amigos virtuais, quantos estariam lá de fato, no enterro real.
Como em tudo em nossa vida, principalmente nós cristão temos que ter equilíbrio para aproveitar tudo o que as tecnologias nos proporcionam, como estudar, nos informar, inclusive para evangelizarmos pessoas que não alcançaríamos não fosse pela tecnologia.
Embora a grande velocidade com que as coisas se renovam e se desenvolvem, jamais poderemos nos esquecer que não somos Deus, a ciência pode te avançado ao ponto de contribuir para a cura de muitas doenças antes incuráveis, mas muitos acabam e morrem pelo tédio existencial.
Também é importante lembrar sempre que quem cria a tecnologia é o próprio homem.
Falei sobre o vício da tecnologia e seu perigo, mais é importante deixar claro que o vício, em sua maioria, tem a ver com o vazio existencial, e se viciam como forma de fuga de seus problemas, de seus pensamentos, de sua tristeza. Fuga, pois ninguém nem nada poderá suprir de fato o teu vazio interior. O Único capaz de te preencher por inteiro, capaz de te entender é Deus. Em segundo lugar aquelas pessoas próximas, de confiança, como pais, avós, teu pastor ou líder. Estes você pode “curtir” pra vida toda.
ATUALIZANDO O SISTEMA
Convido você a fazer uma analise pessoal. Responda pra você mesmo.
Estou usufruindo de maneira adequada da tecnologia?
O que espero de um relacionamento virtual?
Consigo me relacionar com minha família, amigos etc?
Como me sinto quando esqueço em casa o meu celular?
Consigo ficar um dia inteiro sem usar a internet e/ou as redes sociais?
Qual é minha prioridade?
Como estou com Deus?
Quanto tempo do meu dia dedico à Ele e à Sua causa?
Eu desligo o celular na hora do culto?
Estou observando o que sinto, ou estou funcionando no automático, como um robô?
Eu consigo me colocar no lugar do outro?
Amo ao próximo?
Se você ficou irritado ao ler esse artigo, provavelmente você é equilibrado no uso das novas tecnologias e achou meio exageradas as consequências do mau uso; ou, ao contrário, você está tão inserido no contexto que se sentiu ofendido. As consequências negativas pelo excesso de uso e apego na tecnomania mudam de pessoa pra pessoa. As patologias aqui descritas não generalizam os usuários das novas tecnologias, mas creia, diversas pessoas sofrem com todos os males aqui descritos, e recebo diariamente exemplos assim em meu consultório. Por isso este alerta.
EU SOU HUMANO
O computador poderá te fornecer inúmeras informações que você precisa, colocadas pelo ser humano. Mas saiba que ele jamais terá a autoconsciência que o ser humano possui. Ele jamais substituirá o poder de um sorriso, de um abraço, de um aperto de mão, de uma roda de amigos e um violão, de uma partida de volei ou futebol no quintal de casa, da sorveteria com o grupo de amigos da igreja após o ensaio dos jovens. Você é responsável por suas escolhas, você decide até onde ir e quando mudar, se você tem dúvidas ou está com medo, não se desespere e peça a direção de Deus, peça ajuda de alguém mais experiente. Ser robô não. Ser HUMANO.
Fonte:Geração JC
Valquíria Salinas é psicóloga, conferencista, membro da AD em Sorocaba (SP)
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