Os cristãos do Cazaquistão e do vizinho Quirguistão têm testemunhado o fechamento de suas igrejas e o rígido controle estatal sobre literaturas cristãs como medidas de repressão por parte de autoridades.
No Cazaquistão, onde o presidente Nursultan Nazarbayev governa praticamente sem contestação desde a independência da União Soviética, em 1991, várias igrejas protestantes foram fechadas nas últimas semanas.
Os membros de uma igreja protestante no sul do Cazaquistão, alegam que um tribunal regional ordenou "o fechamento" de sua congregação bem como de outras "cinco ou seis igrejas protestantes".
Segundo o grupo de direitos Forum 18, os membros da igreja se recusaram a revelar sua localização exata por temerem sofrer represálias do Estado. As autoridades se manifestam defendendo suas ações, alegando que os cristãos não cumprem os prazos e documentos exigidos.
Um Problema Étnico
Os cristãos locais acreditam que a sua Igreja foi alvo de represálias "porque sua membresia é composta predominantemente de cazaques", e acrescentou que as igrejas protestantes russas e coreanas receberam seu recadastramento.
Mas eles não são os únicos a enfrentarem esse tipo de ataque. Em 28 de novembro, o Tribunal Econômico Regional do Sul do Cazaquistão aprovou o fechamento do templo da ‘Igreja Pentecostal Luz do Mundo’, segundo o pastor da igreja.
Em declarações publicadas pelo Forum 18, o Pastor Pavel Semlyanskikh deixou claro que ficou surpreso com o fechamento da igreja. "A igreja está devidamente registrada e ativa há pelo menos dez anos. Somos uma comunidade pacífica e nunca tivemos problemas."
Várias mesquitas também foram fechadas, segundo o Forum 18, como parte de uma ofensiva mais ampla contra organizações e grupos religiosos independentes.
Quirguistão, nova lei religiosa
Os cristãos também se queixaram da perseguição no vizinho Quirguistão, que teve no ano passado a primeira mudança política pacífica de sua história pós-comunista.
Em uma ação surpresa em 7 de dezembro, o presidente Almazbek Atambayev teria sancionado novas leis de censura à Religião.
De acordo com o Forum 18 a legislação visa "aumentar o controle estatal sobre a literatura religiosa e outros materiais", afetando potencialmente a impressão e distribuição de Bíblias e outras publicações cristãs.
Funcionários do governo negaram que nova lei viole os direitos religiosos. "Isso não é censura", disse Kanatbek Mamadaliyev da Comissão Estatal para os Assuntos Religiosos (SCRA) em um comunicado. "Medidas serão adotadas para a implementação dessa lei, mas eu não posso afirmar ainda como isso se dará".
Segundo o Forum 18, o oficial foi incapaz de explicar o que significa as categorias estabelecidas pela nova lei de censura quando fala de "extremismo", "separatismo" e "fundamentalismo".
O analista político Ivan Kamenko disse temer que a "aplicação da nova lei seja caótica, seletiva e arbitrária".
Ele disse que se espera que as autoridades "inspecione as literaturas do Conselho Muçulmano ou das Igrejas Ortodoxas Russas, mas que as religiões consideradas" não-tradicionais "poderão enfrentar problemas".
Grupos de direitos humanos estão preocupados com a situação dos cristãos locais, principalmente os evangélicos, que são o principal alvo das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
Fonte: Portas Abertas
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