terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Brasileiros, italianos e africano estão entre possíveis sucessores de Bento 16

Nesta segunda (11), o papa Bento 16 anunciou sua renúncia ao cargo, que ficará vago no dia 28 de fevereiro, por considerar que não tem mais condições físicas de exercer o pontificado.

Na lista dos principais "papáveis", figuram dois brasileiros: João Braz de Aviz, 65, e Odilo Pedro Scherer, 63.

Enquanto Aviz é visto como mais inclinado à caridade e aos pobres --embora não seja ligado à Teologia da Libertação--, Scherer é considerado conservador no Brasil, mas como moderado no resto do mundo.

Entre os principais candidatos, também se encontram o canadense Marc Ouellet, o ministro da cultura do Vaticano, Gianfranco Ravasi, o conservador Angelo Scola, ambos italianos, e o ganense Peter Turkson.

Um dos cinco cardeais brasileiros que deverão participar do conclave para eleger o sucessor de Bento 16, o mineiro "[dom Geraldo Majella Agnelo]": http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1229379-cardeal-brasileiro-diz-que-papa-estava-limitado-e-nao-se-ve-como-sucessor.shtml, 79, arcebispo emérito de Salvador, não quis julgar a decisão do papa de anunciar que irá renunciar ao cargo, numa atitude inédita em quase seis séculos na Igreja.

Aos 79, dom Geraldo não se considera um bom nome para a sucessão. "Fico numa idade, né...E não me vejo competente para isso".

A Santa Sé informou, em comunicado, que a decisão do conclave, que definirá o novo papa, deve ser tomada até o final de março.
RENÚNCIA
A decisão da renúncia do papa Bento 16 teria sido tomada quase um ano antes do anúncio, após a viagem que o pontífice fez ao México e a Cuba, em março do ano passado, segundo o "Osservatore Romano", jornal semioficial do Vaticano.

Esta é a primeira vez em quase seis séculos que um papa renuncia ao cargo. O último fazer isso foi Gregório 12, em 1415.

O papa disse em um comunicado, em latim, que está "plenamente consciente da dimensão do seu gesto" e que renuncia do cargo por livre e espontânea vontade --condição que torna válida a entrega do cargo de sumo pontífice.

O irmão mais velho do papa, Georg Ratzinger, afirmou que os problemas de saúdedecorrentes da idade avançada --Bento 16 completa 76 anos em abril-- motivaram sua decisão de deixar o posto.

Georg disse, por exemplo, que o sumo pontífice tem cada vez mas dificuldades para andar, o que complica sua vida pública, e ressaltou que seu irmão "quer mas tranquilidade a esta idade".

Durante a Sé Vacante --período em que não há um para nomeado--, no dia 28, Bento 16 irá à residência de Castel Gandolfo e, assim que houver um novo pontífice, se retirará a um mosteiro dentro do Vaticano, anunciou nesta segunda-feira Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.

CNBB

A renúncia de Bento 16 está sendo encarada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) como um gesto "nobre" de Joseph Ratzinger.

Para dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da instituição, Bento 16 já havia dado sinais de que seu mandato poderia ser breve, em especial depois de ter afirmado que, se um papa tiver claro para si que não é mais capaz, tem o direito e obrigação de renunciar. "É um gesto que o enobrece porque mostra que está pensando na igreja. É um ato de coragem, mas também um ato nobre."

Líderes repercutem a notícia da renúncia do papa Bento 16
O arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis, se disse "consternado e pesaroso" com o anúncio da renúncia do papa Bento 16, nesta segunda-feira (11), mas considera que a mudança não deve gerar alterações nos temas fundamentais para a Igreja Católica.

Para o arcebispo, apesar da alteração no comando da Igreja Católica, os conceitos fundamentais à religião devem ser mantidos. "As posições da igreja do ponto de vista ético e moral se mantêm, como também do ponto de vista dogmático", disse. "Não podemos equiparar a união de pessoas do mesmo sexo ao casamento como entendemos; não podemos entender a família de outra maneira a não ser: pai, mãe e filhos. O papa deve manter aquilo que é fundamental."

Já o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, confirmou que a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada na cidade entre os dias 23 e 28 de julho deste ano, contará com a presença do próximo papa.

O arcebispo emérito de São Paulo dom Cláudio Hummes, 78, disse nesta segunda-feira (11) que o anúncio sobre a renúncia do papa Bento 16 foi "uma grande surpresa", mas que essa possibilidade já havia sido levantada.

*Confira lista de sucessores em potencial ao pontificado:
João Braz de Aviz, (Brasil, 65) trouxe ar fresco para o departamento do Vaticano para congregações religiosas quando ele assumiu em 2011. Ele apoia a preferência para os pobres na teologia da libertação da América Latina, mas não os excessos de seus defensores.

Timothy Dolan, (EUA, 62) tornou-se a voz do catolicismo dos EUA depois de ser nomeado arcebispo de Nova York, em 2009. Seu humor e dinamismo impressionaram o Vaticano, onde as duas coisas estão em falta. Mas cardeais estão receosos de um "superpapa" e seu estilo pode ser norte-americano demais para alguns.

Marc Ouellet, (Canadá, 68) é o chefe da Congregação para os Bispos. Ele disse uma vez que se tornar papa "seria um pesadelo". Apesar de bem relacionado, o secularismo generalizado de sua Québec nativa poderia atrapalhá-lo.

Gianfranco Ravasi, (Itália, 70) é ministro da Cultura do Vaticano desde 2007 e representa a Igreja para o mundo da arte, ciência, cultura e até mesmo para ateus. Este perfil poderia prejudicá-lo se os cardeais decidirem que precisam de um pastor experiente em vez de outro professor como papa.

Leonardo Sandri, (Argentina, 69)
nasceu em Buenos Aires de pais italianos. Ele deteve o terceiro posto mais alto do Vaticano como chefe de gabinete em 2000-2007, mas não tem experiência pastoral.

Odilo Pedro Scherer, (Brasil, 63)
é considerado o mais forte candidato da América Latina. Arcebispo de São Paulo, a maior diocese do maior país católico, ele é conservador no Brasil, mas considerado moderado nos demais lugares. O rápido crescimento das igrejas protestantes no Brasil poderia pesar contra ele.

Christoph Schoenborn, (Áustria, 67) é um ex-aluno de Bento com um toque pastoral que o pontífice não tem. O arcebispo de Viena foi classificado como "papável" desde a edição do catecismo da Igreja na década de 1990.

Angelo Scola, (Itália, 71) é arcebispo de Milão, um trampolim para o papado, e muitos italianos apostam nele. Especialista em bioética, ele também conhece o Islã como chefe de uma fundação para promover a compreensão entre muçulmanos e cristãos. Sua densa oratória pode irritar cardeais que buscam um comunicador carismático.

Luis Tagle (Filipinas, 55) tem um carisma muitas vezes comparado com o do falecido papa João Paulo 2º. Ele também é próximo ao papa Bento depois de trabalhar com ele na Comissão Teológica Internacional. Embora tenha muitos fãs, ele só se tornou cardeal em 2012.

Peter Turkson (Gana, 64) é o principal candidato africano. Chefe do escritório de justiça e paz do Vaticano, é o porta-voz da consciência social da Igreja e apoia a reforma financeira mundial.

Fonte:Folha





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