Pastores de outras igrejas evangélicas se opõem à polêmica interpretação do pastor Marco Feliciano para passagem bíblica que explicaria uma suposta maldição hereditária sobre africanos.
Teólogos ouvidos pelo GLOBO tratam a interpretação, que tem como origem a doutrina de mórmons, uma “distorção do sentido real do texto bíblico” e “afirmação fundamentalista entendida ao pé da letra”.
— Trata-se de uma interpretação forçada, considerada uma teologia totalmente obsoleta e ortodoxa. Somente igrejas periféricas mantém essa ideia — diz o teólogo e pastor da Assembleia de Deus José Gonçalves, que aponta erros da interpretação como o fato de o neto, e não o filho de Noé, este sim descendente da raça negra, ter sido “amaldiçoado”, de acordo com texto do livro de Gênesis, do Velho Testamento.
— É uma pena que esse breve discurso tenha sido interpretado incorretamente como uma “maldição”, pois aquilo que Noé disse teve muito mais caráter de profecia de um pai sobre seus filhos e netos. A palavra “maldição” só é usada uma vez, mas refere-se a Canaã, filho mais novo de Cam, e não ao próprio Cam. Isso indica que Noé estava descrevendo o futuro de seus filhos e de um de seus netos tomando por base o que via no caráter deles — completa José Gonçalves.
Ele lembra que, neste caso, não apenas negros estariam sujeitos à “maldição”, mas também egípcios, líbios e sul-arábios, todos descendentes de Cam.
Doutor em Ciência da Religião e à frente da Agência de Informações Religiosas (Agir), o pastor evangélico Paulo Romeiro diz que “a questão de raça não é teológica, mas apenas uma questão genética”.
— A bíblia não se pronuncia sobre isso, pelo contrário. O que se lê é o elogio a pessoas que tinham a pele negra, como por exemplo a mulher de Cantares de Salomão, que se diz morena “porque o sol resplandeceu sobre mim”, e Simão de Sirene, que ajudou Jesus a carregar a cruz — diz.
— Trata-se de afirmação fundamentalista, baseada na ideia de que os textos bíblicos não devem ser interpretados, mas entendidos “ao pé da letra”. Quem pensa assim parte do pressuposto de a mente humana não teria condições de interpretar o texto, por isso eles deveriam ser interpretados voltando-se para uma comunidade primitiva — completa o teólogo da PUC Minas Roberlei Panasiewicz. Fonte:Globo
Teólogos ouvidos pelo GLOBO tratam a interpretação, que tem como origem a doutrina de mórmons, uma “distorção do sentido real do texto bíblico” e “afirmação fundamentalista entendida ao pé da letra”.
— Trata-se de uma interpretação forçada, considerada uma teologia totalmente obsoleta e ortodoxa. Somente igrejas periféricas mantém essa ideia — diz o teólogo e pastor da Assembleia de Deus José Gonçalves, que aponta erros da interpretação como o fato de o neto, e não o filho de Noé, este sim descendente da raça negra, ter sido “amaldiçoado”, de acordo com texto do livro de Gênesis, do Velho Testamento.
— É uma pena que esse breve discurso tenha sido interpretado incorretamente como uma “maldição”, pois aquilo que Noé disse teve muito mais caráter de profecia de um pai sobre seus filhos e netos. A palavra “maldição” só é usada uma vez, mas refere-se a Canaã, filho mais novo de Cam, e não ao próprio Cam. Isso indica que Noé estava descrevendo o futuro de seus filhos e de um de seus netos tomando por base o que via no caráter deles — completa José Gonçalves.
Ele lembra que, neste caso, não apenas negros estariam sujeitos à “maldição”, mas também egípcios, líbios e sul-arábios, todos descendentes de Cam.
Doutor em Ciência da Religião e à frente da Agência de Informações Religiosas (Agir), o pastor evangélico Paulo Romeiro diz que “a questão de raça não é teológica, mas apenas uma questão genética”.
— A bíblia não se pronuncia sobre isso, pelo contrário. O que se lê é o elogio a pessoas que tinham a pele negra, como por exemplo a mulher de Cantares de Salomão, que se diz morena “porque o sol resplandeceu sobre mim”, e Simão de Sirene, que ajudou Jesus a carregar a cruz — diz.
— Trata-se de afirmação fundamentalista, baseada na ideia de que os textos bíblicos não devem ser interpretados, mas entendidos “ao pé da letra”. Quem pensa assim parte do pressuposto de a mente humana não teria condições de interpretar o texto, por isso eles deveriam ser interpretados voltando-se para uma comunidade primitiva — completa o teólogo da PUC Minas Roberlei Panasiewicz. Fonte:Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário