Foto: Paul Hanna / Reuters |
"Não cedamos nunca ao pessimismo nem à amargura que o diabo nos oferece a cada dia", disse Francisco em um encontro, esta sexta-feira, com seus "irmãos cardeais" na Sala Clementina do Palácio Apostólico do Vaticano.
No dia anterior, em uma missa celebrada na Capela Sistina para os cardeais que participaram do conclave, o primeiro Papa latino-americano já tinha se referido a este ser sobrenatural que, na tradição católica, é o inimigo de Deus e o culpado por todos os males da Terra.
"Quem não reza ao senhor, reza ao diabo, quando não se confessa a Deus, se confessa à mundaneidade do demônio", afirmou nesta homilia chave na qual expôs os princípios de seu pontificado: "Caminhar, Edificar, Confessar".
No entanto, estas referências ao maligno não são totalmente surpreendentes, visto que quando era arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, já tinha recorrido a ele para expressar sua férrea oposição, em 2010, ao projeto de lei impulsionado pelo governo para legalizar o casamento gay.
O cardeal Bergoglio atribuiu na ocasião a "uma manobra do diabo", a uma "pretensão destrutiva do plano de Deus" a iniciativa legislativa que desgastou suas relações com a presidente Cristina Kirchner, que acabou sendo aprovada.
Além disso, inclusive mais do que na Idade Média, a maioria de seus antecessores nos dois últimos séculos, incluindo Bento XVI (2005-2013) e João Paulo II (1978-2005), recorreu com frequência ao demônio e suas várias formas de interpretá-lo."Há quem veja no diabo a própria personificação do mal e quem fale dele como uma identidade simbólica que representa nossa incapacidade de fazer o bem", explicou o teólogo laico italiano Brunetto Salvarani em declarações ao jornal Corriere della Sera.
Tudo parece indicar que a segunda hipótese é a que inspira, nesta ocasião, o Papa quando citou o diabo diante dos grandes desafios que terá que enfrentar no comando de uma Igreja desacreditada por escândalos dentro da cúria e de pedofilia, e que perde fiéis.
A frase mais famosa de um Papa sobre o diabo, lembrou o Corriere, foi proferida por Paulo VI, em 29 de junho de 1972, poucos anos depois do encerramento do Concílio Vaticano (1963-1965), impulsionado por seu antecessor, João XXIII, para modernizar a Igreja, e continuado por ele.
"Há uma sensação de que, por alguma fissura, entrou a fumaça de Satã no templo de Deus", disse, em alusão à crise que a Igreja vivia numa época de Guerra Fria e liberação sexual.Fonte:Terra
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