quarta-feira, 10 de abril de 2013

Trabalhos de comissão vão de 'vento em popa', diz Feliciano

Mesmo enfrentando protestos de ativistas e clima tenso entre integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou nesta quarta-feira (10) que os trabalhos estão "indo de vento em popa".

Com novas críticas ao antigo comando da comissão, Feliciano sinalizou que não vai colocar em votação projetos polêmicos e que encontram resistência na bancada religiosa. Entre elas está a proposta que regulamenta a prostituição e a convocação de plebiscito para decidir sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo.

Segundo o deputado, a comissão no ano passado só aprovou sete projetos e realizou 36 audiências públicas. Ele disse que vai procurar trazer novas propostas para a comissão, mas não deu detalhes.

"A comissão é vazia de projetos. Temos meia dúzia de projetos, a maioria deles polêmicos que, neste momento, só criaria uma celeuma. A Comissão de Direitos Humanos precisa ter projeto de integridade na sociedade", disse.

Historicamente, a comissão é presidida por deputados do PT, que neste ano abriu mão da comissão para poder comandar outros colegiados. A divisão das comissões da Câmara é feita por acordo entre partidos, baseado no tamanho de cada bancada.Feliciano minimizou os novos protestos de hoje, que provocaram a suspensão da reunião e motivaram o fechamento ao público. "A confusão era esperada, mas a ordem foi garantida."

Feliciano disse que todas as reuniões serão abertas, mas que "sempre vai ter um plenário [alternativo] prontinho". Apesar da restrição, um grupo de pastores assistiu ao encontro. Ele ficaram misturados a assessores de parlamentares. Feliciano não comentou, mas assessores negaram que ele tinha convidado os religiosos.

Após a suspensão, o clima esquentou entre os deputados. A deputada Erika Kokay (PT-SP) disse que não considerava legítima a presidência do pastor. Ela lembrou falas polêmicas dele, como ataques a práticas homossexuais e racismo, e sustentou que elas não representam alguém que defende os direitos humanos.

A reação partiu dos aliados de Feliciano, que estavam em ampla maioria na reunião. O mais radical foi o deputado Takayama (PSC-PR), que acusou a petista de "hipocrisia" e de ser mal-educada. "A senhora fala em tolerância, mas é intolerante. Fala de amor, mas pratica o ódio", destacou.

Os ataques foram questionados pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE), que não faz parte da comissão. Ele disse que o colegiado virou uma "guerra santa" e que Feliciano tinha que saber ouvir o contraditório.

No início de sua manifestação, ele foi repreendido ao dizer que na mesa da comissão estavam quatro evangélicos.

Feliciano também rebateu e defendeu os ataques a Erika Kokay. "Essa comissão não pode virar chachota nacional. Temos coisa sérias aqui".
'FICO'
Ontem, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que, regimentalmente, não há mais nada a ser feito para pressionar pela saída do deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) do comando da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

Alves afirmou que está em seu "limite" e que não pode ser um "ditador " e impor sua vontade à Casa.

"Regimentalmente, como presidente, estou no meu limite, mais do que isso não posso fazer", afirmou. "Não posso ser ditador, jamais seria. Não posso querer impor minha vontade à Casa, jamais faria. Tenho que obedecer o regimento."

Na reunião de líderes da Câmara na qual disse que vai permanecer no comando da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) ironizou apelos que cobravam sua renúncia e disse que só deixaria o cargo caso os deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP) fossem retirados da Comissão de Constituição e Justiça. Fonte: Folha de São Paulo


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