Este autodidata, com um diploma rabínico expedido pelas autoridades ortodoxas, se conscientizou desde muito jovem de sua homossexualidade, se negando a abandonar a religião, como muitos fizeram na mesma situação, para viver em Tel Aviv, conhecida como capital gay do Oriente Médio. "Com 30 anos, consegui ficar em paz comigo mesmo, decidindo que podia ser ortodoxo e homossexual, enquanto muitos religiosos se mudaram", explicou.
Em 2008, ele criou uma página na internet para ajudar outros judeus religiosos homossexuais que, pouco a pouco, vem se transformando em uma associação."Queremos sensibilizar a comunidade religiosa a respeito deste fenômeno e mostrar apoio aos religiosos gays, permitindo que conciliem sua dupla identidade", continuou o rabino. Agora, quatro anos depois, Yosef está feliz por de ter "quebrado o muro de silêncio no mundo religioso".
Mais de 6.000 homossexuais religiosos aderiram à associação. "Hod" (acrônimo em hebreu de homossexuais-religiosos) tem como objetivo principal levar ao debate público sobre a homossexualidade no mundo religioso.
"Não queremos renunciar à nossa identidade religiosa nem abandonar nossa identidade homossexual", está escrito no site virtual da associação. O "Hod" recebeu apoio de mais de 150 rabinos, mas Yosef não é bem vindo em todos os círculos ortodoxos.
"Desde que fui a público em 2009, recebi ameaças, mas, em geral, me surpreendi com a recepção positiva que tive na esfera religiosa", afirmou. Morando no bairro religioso da cidade balneária de Netanya, ao norte de Tel Aviv, Ron Yosef segue dando aulas de judaísmo e pregando aos fiéis. Cerca de 50 famílias frequentam a sinagoga do rabino.
"Quando anunciei minha homossexualidade, estava pronto para me afastar da igreja, mas eles disseram que me apoiariam", lembra. Contudo, alguns rabinos ainda tentam "libertar" os religiosos do homossexualismo. "Não estou pedindo para que os rabinos autorizem o que é proibido, mas peço que exista a possibilidade de que se siga sendo religioso", afirma Yosef".
Ao contrário de outras associações religiosas ortodoxas, os membros do Hod não participam de paradas gays. "Queremos nos integrar à sociedade sem ressaltar nossas diferenças, e sim fazendo com que todos nos aceitem", explicou o jovem rabino. Yosef mora com outro religioso mas não aparece em público com ele para não dar protagonismo à sua identidade sexual. Fonte:AFP - Agence France-Presse
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