terça-feira, 11 de junho de 2013

A Priples está sendo investigada por crime contra a economia popular, a polícia investiga suspeita de pirâmide

Endereço onde estaria escritório da empresa, em empresarial de Boa Viagem, é falso. Foto: Arthur de Souza/Esp. DP/DA Press
Em um mês, R$ 1 mil geram mais R$ 600. No mínimo. E o melhor: você nem precisa sair de casa para isso. É só responder a cinco perguntas propostas diariamente por um site. E pode pesquisar na internet para responder, se quiser. E não se preocupe, ninguém do portal vai checar se as respostas estão corretas. Parece brincadeira, mas não é.

É esse o negócio que uma empresa pernambucana de marketing multinível chamada Priples propõe aos usuários. Com quantias a partir de R$ 100, o investidor ganha o direito de ser remunerado em 2% ao dia durante um ano. A promessa de ganhos chama tanta atenção que também atraiu os olhares da Polícia Civil do estado, que abriu inquérito para investigar o caso. A Priples está sendo investigada por crime contra a economia popular – mais conhecido como esquema de pirâmide financeira. Já existem 11 queixas contra a empresa.

Segundo o advogado Thiago Lapenda, do escritório Lima e Falcão, pode ser configurada como pirâmide toda operação financeira em que a remuneração de clientes antigos é feita com o dinheiro de novos clientes, e não com o rendimento de serviços ou produtos vendidos. “Esse tipo de negócio não é sustentável, pois os lucros distribuídos são maiores que a receita da empresa.”

O delegado titular da Delegacia do Ipsep e autor do inquérito contra a Priples, Carlos Ferraz, acredita que o caso se trate de uma pirâmide e só espera o resultado da perícia contábil para comprovar oficialmente sua tese. “Como uma empresa cuja razão social é de R$ 30 mil pode pagar dividendos milionários aos seus clientes?” Ferraz conta que a Priples poderá ser indiciada por outros crimes, como formação de quadrilha, sonegação fiscal e estelionato.

O dono da empresa, Henrique Maciel Carmo de Lima, foi intimado para depor, mas não compareceu. Quando for concluído, o caso será levado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Até agora 11 pessoas prestaram queixa contra Priples, de acordo com Carlos Ferraz. Foram registradas denúncias a respeito do não pagamento dos rendimentos no dia previsto
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Há também queixas dos usuários por não conseguirem localizar a sede física da Priples. Os dois endereços fornecidos no site são falsos. A sede apontada no site é o empresarial Pontus Corporate Center, em Boa Viagem. A reportagem foi ao local e apurou que não havia sala ocupada pela Priples. A outra, na Estância, trata-se da ex-residência de Henrique Maciel. A reportagem não conseguiu entrar em contato com Maciel. Desde a semana passada, a reportagem do Diario solicitou uma entrevista pela seção “fale conosco”, sem sucesso.
Nova modalidade de marketing
A Priples é mais uma empresa representante de um novo ramo que tem se consolidado: o marketing multinível (MMN). Com pequenas variações, os negócios desse segmento têm como principal política de remuneração a quantidade de propagandas publicadas e o número de novos clientes indicados para o negócio. Para o Procon-PE, essas empresas devem ser vistas com cautela.

“A maior parte dessas empresas remuneram seus clientes com o dinheiro da adesão de novos clientes. Mesmo que eles tenham outros produtos a oferecer, não são essas vendas que suportam a quantidade de dinheiro que eles distribuem mensalmente. Então provavelmente vai chegar um momento em que isso vai saturar”, afirma o coordenador-geral do Procon-PE, José Rangel. Ele exemplifica com um estudo feito pelo Procon sobre a Telexfree. “Foram encontrados indícios de pirâmide, além de mais de uma dezena de irregularidades no contrato.”

A despeito das críticas, há quem tem ganho dinheiro com MMN. Com um investimento inicial de apenas R$ 600 em uma conta da Telexfree, o ex-bancário Pedro dos Santos hoje acumula um patrimônio estimado em quase R$ 500 mil, segundo ele. Já comprou uma caminhonete S10 e vários terrenos. E tudo partir da aquisição de várias contas na Telexfree e em outras empresas de MMN, como a BBOM. “Sou contador e sei que marketing multinível não é pirâmide.”

O Ministério Público de Pernambuco e o Ministério da Justiça informaram que estão investigando a Telexfree por suspeita de fraude financeira. Pelo mesmo motivo, o MPPE também abriu uma ação contra a BBOM. A Polícia Federal disse que não se pronunciava sobre investigações em curso. Desde a semana passada o Diario entrou em contato por e-mail com a Telexfree e a BBOM. Não houve resposta.

Saiba mais

O que prometem as empresas

Priples
Vende aos usuários o direito de anunciar em seu site

Remuneração

1. Comissão
A Priples promete pagar uma comissão de acordo com o nível em que o novo cliente está entrando. Pode ser baseada no valor que o novo cliente irá investir ou no valor do investimento feito pelo usuário antigo, nos últimos 12 meses (prevalece o menor).

2. Participação
A empresa promete pagar 2% por dia ao usuário que responder perguntas de conhecimentos gerais.
O percentual é calculado sobre o total de
recargas nos últimos doze meses.

TelexFree
Empresa se anuncia como multinacional que tem como negócio a venda de pacotes de Voip

Remuneração

1. Vendendo voips (voz sobre IP na internet)
2. Publicando anúncios sobre a TelexFree diariamente. Esquecendo de fazer anúncio em um dia, perde-se a semana toda.
3. Formando rede multinível (conseguindo novos adeptos ao negócio)

Paga-se taxa de adesão em todos os kits de anúncios da empresa.

BBOM
Negocia o aluguel de rastreadores de veículos. São três tipos de planos para aquisição de rastreadores, aluguel do aparelho ou indicação efetivada de cliente.

Fontes:  Diário de Pernambuco

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