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Foi a juíza federal substituta da 4ª Vara Federal de Goiânia, Luciana Laurenti Gheller, que acolheu ação e decretou a indisponibilidade dos bens da empresa Embrasystem Tecnologia em Sistemas, conhecida pelos nomes fantasia BBom e Unepxmil, e da empresa BBrasil Organizações e Métodos. Segundo a decisão da magistrada, há "robustos indícios" de que o modelo de negócios operado pela BBom "se trata, na verdade, de uma pirâmide financeira, prática proibida no Brasil e que se configura crime contra a economia popular”, ao contrário da alegação das empresas, de que praticam a modalidade de marketing multinível.
Em entrevista ao portal G1, o procurador da República Helio Telho, um dos autores da ação, afirmou que "somando as contas da empresa e dos sócios proprietários chega a passar de R$ 300 milhões". Telho detalhou o bloqueio, que inclui “um Maserati GranCabrio, duas Ferraris California, quatro Lamborghinis Gardo e um Rolls Royce Ghost que, sozinho, vale mais de US$ 1 milhão".
Segundo o procurador, parte da frota em nome da empresa e de seus sócios seria usada como estratégia de marketing para premiar os associados com melhor desempenho no recrutamento de novas pessoas para a rede. A força-tarefa formada por promotores e procuradores para investigar a Bbom informou ainda que, até o fim de 2012, antes do início das operações da “BBom", as empresas do grupo não movimentavam mais do que R$ 300 mil por ano. Já as investigaçõs do MP concluiram que em pouco mais de seis meses o fluxo financeiro do grupo aumentou mais de 3.000%.
"O bloqueio de bens para transferência visa evitar que mais vítimas caiam nesta arapuca, e garantir que as pessoas que já cairam consigam recuperar ao menos uma parte do que colocaram", explicou Telho. Ele informou que a força-tarefa aguarda agora o julgamento do pedido de suspensão da inclusão de novas associados à BBom, cuja ação ainda não foi julgada.
Ressarcimento
Segundo os órgãos envolvidos na investigação, o processo se encontra sob segredo de Justiça. A Justiça Federal de Goiás informou, em nota no seu portal, que ao analisar a documentação, a juíza entendeu que há índicos de que as empresas atuam de forma ilegal, lesando os consumidores. Na decisão, inclusive, ela explicou que o bloqueio dos bens se estende aos sócios e "busca evitar a dilapidação do patrimônio da empresa, de modo a possibilitar futuro ressarcimento aos consumidores lesados".
No esquema adotado pela BBom, conforme identificado pela magistrada, o pagamento dos participantes depende exclusivamente do recrutamento feito por ele de novos associados. "A 'sustentabilidade' do negócio não advém da renda gerada pela venda do produto supostamente objeto da franquia, que se trata um rastreador", diz o comunicado.
Outra irregularidade apontada pela juíza é a falta de licença expedida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a venda de rastreadores de veículos. "O rastreador utilizado em veículos é uma estação de telecomunicações que necessita ser licenciada pela agência, e não foi concedida pela Anatel autorização à empresa para trabalhar com esse tipo de produto", completa o comunicado.Fonte: Diário de Pernambuco
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