O papa Francisco mostrou-se relativista - inclinado a não dar valor absoluto ao dogma - em sua entrevista ao jornal La Repubblica, consideram especialistas do Vaticano, que detectaram inquietações dos ciclos católicos a respeito dessa liberdade de expressão papal.
A coletiva de imprensa convocada nesta quarta-feira pelo padre Federico Lombardi para falar sobre o "G8 dos cardeais" e a reforma da Igreja deu lugar a muitas perguntas sobre as condições em que a entrevista foi conduzida pelo fundador ateu do jornal, Eugenio Scalfari, o nível de confiabilidade das declarações do Papa e a fidelidade das frases transcritas.
A Igreja deve reforçar o seu diálogo com os não-crentes, afirmou o Papa nesta entrevista. Mas ele também acusou líderes da Igreja de "serem muitas vezes narcisistas", confidenciando sentir-se, às vezes, "anticlerical".
Duas declarações em particular ecoaram nos círculos católicos: quando ele disse que "o proselitismo é um erro", e quando deu a impressão de relativizar o dogma cristão.
"Cada um de nós tem a sua visão do bem e do mal (...). Todos devem optar por seguir o bem e combater o mal como o concebe. Isso seria o suficiente para melhorar o mundo".
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Pressionado com as perguntas, o padre Lombardi observou que essa entrevista não é "um texto do magistério, mas uma transcrição de uma conversa com uma pessoa que foi autorizada a publicá-la".
O porta-voz partiu do princípio que a entrevista "foi gravada e que é verdadeira".
De acordo com o padre jesuíta, o Papa inaugura "um novo modo de expressão ao qual não estamos habituados". "É outra novidade do Papa, um terreno novo".
"Esta entrevista, sem preconceitos ou filtros, demonstra a sua disponibilidade para com um mundo descrente nem sempre benevolente", considerou.
"Não houve nenhuma revisão do texto" antes de sua publicação, garantiu o padre Lombardi.
"Não havia nenhuma razão para fazer correções. Se o Papa tivesse a intenção de negar ou afirmar que houve má interpretação, ele teria dito", comentou o porta-voz.
O fato de ela ter sido reproduzida pelo jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, "dá-lhe uma autenticidade", disse ainda.
Além de nesta quarta-feira, em sua audiência-geral, Francisco afirmar que o fato de padres, cardeais e papas serem pecadores não muda o fato de que a Igreja é santa, na véspera ele fez contundentes observações após iniciar os trabalhos do G8 clerical.
Ele declarou desejar uma Igreja mais engajada socialmente, que dialogue com os não-crentes e livre da corrupção.
"É o início de uma Igreja concebida como uma organização não somente vertical, mas também horizontal", explicou o Papa na longa entrevista ao jornal La Repubblica.
Nesta ocasião, ele lamentou uma "visão muito vaticano-centrada que ignora o mundo ao seu redor", anunciando que fará o possível para mudar isso.
A publicação da entrevista de três páginas concedida a um jornal de esquerda, antes da abertura do "G8" para reavivar a Igreja Católica, é em si uma revolução.
Para isso, Francisco recebeu na semana passada na residência Santa Marta o fundador ateu do jornal, Eugenio Scalfari, com quem já havia dialogado em colunas interpostas no La Repubblica, em setembro.
A coletiva de imprensa convocada nesta quarta-feira pelo padre Federico Lombardi para falar sobre o "G8 dos cardeais" e a reforma da Igreja deu lugar a muitas perguntas sobre as condições em que a entrevista foi conduzida pelo fundador ateu do jornal, Eugenio Scalfari, o nível de confiabilidade das declarações do Papa e a fidelidade das frases transcritas.
A Igreja deve reforçar o seu diálogo com os não-crentes, afirmou o Papa nesta entrevista. Mas ele também acusou líderes da Igreja de "serem muitas vezes narcisistas", confidenciando sentir-se, às vezes, "anticlerical".
Duas declarações em particular ecoaram nos círculos católicos: quando ele disse que "o proselitismo é um erro", e quando deu a impressão de relativizar o dogma cristão.
"Cada um de nós tem a sua visão do bem e do mal (...). Todos devem optar por seguir o bem e combater o mal como o concebe. Isso seria o suficiente para melhorar o mundo".
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Pressionado com as perguntas, o padre Lombardi observou que essa entrevista não é "um texto do magistério, mas uma transcrição de uma conversa com uma pessoa que foi autorizada a publicá-la".
O porta-voz partiu do princípio que a entrevista "foi gravada e que é verdadeira".
De acordo com o padre jesuíta, o Papa inaugura "um novo modo de expressão ao qual não estamos habituados". "É outra novidade do Papa, um terreno novo".
"Esta entrevista, sem preconceitos ou filtros, demonstra a sua disponibilidade para com um mundo descrente nem sempre benevolente", considerou.
"Não houve nenhuma revisão do texto" antes de sua publicação, garantiu o padre Lombardi.
"Não havia nenhuma razão para fazer correções. Se o Papa tivesse a intenção de negar ou afirmar que houve má interpretação, ele teria dito", comentou o porta-voz.
O fato de ela ter sido reproduzida pelo jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, "dá-lhe uma autenticidade", disse ainda.
Além de nesta quarta-feira, em sua audiência-geral, Francisco afirmar que o fato de padres, cardeais e papas serem pecadores não muda o fato de que a Igreja é santa, na véspera ele fez contundentes observações após iniciar os trabalhos do G8 clerical.
Ele declarou desejar uma Igreja mais engajada socialmente, que dialogue com os não-crentes e livre da corrupção.
"É o início de uma Igreja concebida como uma organização não somente vertical, mas também horizontal", explicou o Papa na longa entrevista ao jornal La Repubblica.
Nesta ocasião, ele lamentou uma "visão muito vaticano-centrada que ignora o mundo ao seu redor", anunciando que fará o possível para mudar isso.
A publicação da entrevista de três páginas concedida a um jornal de esquerda, antes da abertura do "G8" para reavivar a Igreja Católica, é em si uma revolução.
Para isso, Francisco recebeu na semana passada na residência Santa Marta o fundador ateu do jornal, Eugenio Scalfari, com quem já havia dialogado em colunas interpostas no La Repubblica, em setembro.
Nesta entrevista, o papa e o jornalista discutiram a fé e a descrença, os valores éticos, do clericalismo e do espírito, o marxismo, com espantosa liberdade de tom.Outras passagens marcantes desta entrevista são a crítica virulenta aos "cortesões da Igreja", e a denúncia do "liberalismo social".
"Os maiores males que afligem o mundo são o desemprego dos jovens e a solidão em que os idosos são deixados", disse Francisco, incorporando questões sociais que são queridas para ele.
O "liberalismo selvagem" resulta em "tornar o forte mais forte, os fracos mais fracos e os excluídos mais excluídos", denunciou.
O pontífice pediu à Igreja que se comprometa mais com o mundo moderno e afirmou que "os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesões".
"A corte é a lepra do papado", declarou Francisco.
O pontificado de Francisco, conservador em relação a obediência à Igreja e a moral, mas radical sobre o desenvolvimento social, continua a ser paradoxal.Fonte:AFP - Agence France-Presse
"Os maiores males que afligem o mundo são o desemprego dos jovens e a solidão em que os idosos são deixados", disse Francisco, incorporando questões sociais que são queridas para ele.
O "liberalismo selvagem" resulta em "tornar o forte mais forte, os fracos mais fracos e os excluídos mais excluídos", denunciou.
O pontífice pediu à Igreja que se comprometa mais com o mundo moderno e afirmou que "os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação e excitados de forma negativa por seus cortesões".
"A corte é a lepra do papado", declarou Francisco.
O pontificado de Francisco, conservador em relação a obediência à Igreja e a moral, mas radical sobre o desenvolvimento social, continua a ser paradoxal.Fonte:AFP - Agence France-Presse
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