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Cidades irmãs separadas por uma distância de sete quilômetros, o Recife e Olinda celebram hoje, 12 de março, aniversário de fundação. Dois anos mais velha e considerada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade desde 1982, Olinda completa 479 anos. A caçula, capital de Pernambuco desde 1827, é uma senhora de 477 anos. Nascidas no período colonial, as duas cidades preservam, aqui e acolá, recantos tão parecidos que confirmam a herança genética.
Vamos começar pela Vila Carolina, em Apipucos, Zona Norte do Recife, com suas casas coloridas de porta e janelas. Como se precisassem, as casinhas conjugadas ficam numa parte alta do terreno, insinuando uma ladeira. “É muito parecida com Olinda antiga”, diz o corretor de imóveis José Antônio Ferreira, morador da vila há 50 anos.
José Antônio sempre morou em Apipucos. A casa da vila, comprida e com pé-direito (distância entre o piso e o teto) de dez metros de altura, como o casario olindense, ele herdou do pai, que recebeu da empresa onde trabalhava. “Se tivesse dinheiro para comprar um cantinho onde pudesse ver o mar, não seria em Boa Viagem. Compraria um casarão na Cidade Alta de Olinda”, revela.
Essa paisagem quem vê é o bancário aposentado Marcos Antônio do Nascimento, que há 31 anos mora na Ladeira 15 de Novembro, no Varadouro, numa casa de porta e janelas, como a Vila Carolina. Ele nasceu no Recife, mas namorava o Sítio Histórico de Olinda, onde passava a semana pré-carnavalesca. “Gosto muito da cidade. Quando botaram a casa à venda, num anúncio de jornal, comprei na hora”, diz ele.
HISTÓRIA - A semelhança de paisagem entre as duas cidades remonta aos séculos 18 e 19, ensina o arquiteto e urbanista José Luiz Mota Menezes. “Essa união se inicia no século 18, quando Olinda passa a ser reconstruída, depois de ter sido incendiada pelos holandeses, em 1631, e o Recife é ampliado. Elas começam a crescer juntas”, declara o arquiteto. “Olinda se desenvolve na colina e o Recife nasce de dentro d’água. Porém, ambas surgem das mesmas mãos, portuguesas”, continua José Luiz.
O bairro de São José, antes da abertura da Avenida Dantas Barreto, nos anos 60 do século 20, era uma Olinda no Centro do Recife, recorda o arquiteto. “Daí serem chamadas cidades-irmãs”, explica José Luiz, lembrando que a recuperação de São José, com seus pátios tão olindenses (Livramento, São José do Ribamar), é possível.
Por fim, chegamos à orla, com sua arquitetura moderna e verticalizada dos séculos 20 e 21. A despeito de todas as diferenças, há paisagens que se assemelham no Pina, Zona Sul do Recife, e em Casa Caiada, na vizinha e irmã Olinda.Fonte:Jornal do Commercio
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