A polícia israelense impediu neste domingo que mais de 200 manifestantes da extrema-direita invadissem um casamento entre uma mulher judia e um homem muçulmano. Quatro manifestantes foram presos.
Maral Malka, de 23 anos, e Mahmoud Mansour, de 26, ambos de Jaffa, um distrito de Tel Aviv conseguiram na Justiça que o protesto contra seu casamento fosse policiado, e que os manifestantes se mantivessem a 200 metros de distância do local da cerimônia, em Rishon Lezion, um subúrbio de Tel Aviv. Dezenas de policiais formaram uma barreira humana, o que não impediu que a multidão se manifestasse, gritando “Morte aos árabes”.
O protesto é decorrente do aumento nas tensões entre cidadãos israelenses árabes e judeus nos últimos dois meses, agravado pelo sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses em junho, e pela ofensiva israelense na Faixa de Gaza. O Lehava, grupo que organizou o protesto tem um histórico de intimidação de casais formados por árabes e judeus, e costuma usar motivos religiosos para ilustrar suas objeções aos casamentos exógamos, mas não costuma protestar do lado de fora de cerimônias de casamento.
O noivo afirmou ao Canal 2 da TV israelense que os manifestantes não conseguiram impedir o casamento ou estragar a festa.
"Dançaremos e nos divertiremos até o sol raiar. Somos a favor da coexistência", afirmou Mansour.
Os manifestantes, muitos deles jovens vestindo camisetas negras criticaram Maral, que nasceu numa família judia e se converteu ao Islã antes do casamento, classificando-a como “uma traidora do Estado judaico”, e gritaram mensagens ofensivas contra a população árabe, incluindo uma canção com o verso “Que suas aldeias queimem”.
Dezenas de israelenses dos movimentos de esquerda realizaram um contraprotesto próximo ao local do casamento, segurando flores, balões e uma faixa que dizia “O amor vence tudo”.
“Tais expressões de ódio atrapalham a base de nossa coexistência em Israel, um país que é judeu e democrático”, afirmou, em mensagem, o presidente israelense Reuven Rivlin, em sua página no Facebook.
O ex-deputado e porta-voz do Lehava, Michel Ben-Ari, critica o casamento com não-judeus, classificando o ato como “algo pior que o que Hitler fez”, em alusão ao assassinato de seis milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
Um dos convidados do casamento foi a ministra da Saúde, Yael German, que afirmou a repórteres que encarava tanto o casamento quanto o protesto como “expressões da democracia”.
Cidadãos de origem árabe formam cerca de 20% da população israelense e em sua grande maioria, são muçulmanos. Autoridades religiosas que comandam a maior parte dos casamentos em Israel se opõe a casamentos inter-religiosos por acreditar que isso diminuiria os números da população judaica do país. Com isso, muitos israelenses exógamos preferem se casar fora do país.
O pai de Maral, Yoram Malka, afirmou à TV israelense que era contra o casamento, que classificou como “trágico”, e disse estar muito chateado com a conversão de sua filha ao Islã. Com relação ao genro, Malka também não se mostrou contente com a escolha da filha. "Meu problema com ele é o fato dele ser árabe", afirmou o pai.Fonte:O Globo
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