Gravação de conversa com a torre de controle revela o procedimento adota para aproximar o jato, cuja queda provocou a morte de Eduardo Campos e outras seis pessoas, da pista na Base Aérea de Santos
A gravação de um diálogo entre um dos pilotos do voo que levava Eduardo Campos, obtida pelo site radarboxbrasil, que aborda notícias sobre aviação e tráfego aéreo, mostra que o piloto informou à torre de controle de São Paulo que iria realizar um pouso por instrumentos na Base Área de Santos.
De acordo com piloto aposentado da Varig e instrutor técnico da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, Claudio Scherer, que ouviu o áudio a pedido de Zero Hora, a gravação apresenta um procedimento padrão, no qual o piloto informa como irá pousar a aeronove.
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No diálogo, o piloto avisa que fará o "Echo Uno na pista 35", o "bloqueio de Santos e o rebloqueio".
Conforme o professor Scherer, "Echo Uno" é a referência para uma carta de navegação com o traçado da rota a ser feita pelo avião para a aproximação da pista com o auxílio de uma antena (rádio farol). A opção por este modo de pouso teria sido orientada, provavelmente, em razão do tempo ruim na região.
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— Para pousar em qualquer aeroporto há uma série de procedimentos que orienta como o piloto deve pousar. Nesse caso, ele avisa que irá utilizar a carta Echo Uno, ou seja, que irá pousar por instrumentos — explica Scherer.
O especialista acrescenta que, quando o piloto menciona o "bloqueio", ele informa à torre que irá passar por cima da antena do rádio farol, que serve de guia para o pouso. O "rebloqueio" significa que ele irá dar a volta, passar novamente por cima do instrumento de navegação e, em seguida, fará o afastamento para depois se aproximar da pista.
— Ele apenas informa o desenho da trajetória que o avião irá fazer para descer, e o controlador responde "ciente" — explica o instrutor.
Scherer calcula que o diálogo tenha ocorrido entre sete a 10 minutos antes de o piloto se encaminhar para o pouso. O especialista acrescenta que, apesar de ser uma norma padrão, utilizada de forma corriqueira na aviação, a descida com a orientação do rádio farol é pouco precisa.
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— É comum que, após fazer o procedimento, quando enxerga a pista, o piloto avalie que está na altura, na distância ou na posição inadequada. Nesse caso, por segurança, ele opta por arremeter. É uma situação extremamente comum e para a qual os pilotos estão plenamente preparados — esclarece Scherer.
Conforme o especialista, é prematuro tirar qualquer tipo de conclusão com base na gravação pois, até aquele momento, o jato seguia a rotina normal de voo. Para descobrir as causas da queda da aeronove, conforme Scherer, será fundamental identificar o que ocorreu após a decisão do piloto em arremeter, o que não é comunicado neste diálogo com a torre.
— Precisamos aguardar novas informações sobre as condições do retorno do jato ao movimento de subida, para avaliar os diversos fatores que podem ter influenciado na queda — afirma Scherer. Fonte:http://zh.clicrbs.com.br/ - www.radarboxbrasil.com
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