segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Revista Época destaca “o poder do voto evangélico”

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Com o crescimento de Marina Silva nas pesquisas, os analistas tem avaliado continuamente o que chamam de “voto evangélico”. Muitos estudiosos acreditem que não existe esse tipo de classificação, preferindo classifica-lo de “voto conservador”, pois muitas dessas questões são defendidas igualmente por católicos praticantes.

Basicamente, esse tipo de opção política lida com questões morais e de cunho religioso. Ao mesmo tempo, uma pesquisa do Instituto Ibope divulgada esta semana indica que a maioria dos eleitores brasileiros tem esse perfil conservador. Por exemplo, 79% são contra a descriminalização das drogas. O mesmo percentual é contrário à legalização do aborto e 53% rejeita o casamento gay. Ao pensar sobre pena de morte, 49% a rejeitam. A redução da maioridade penal é defendida por 80% dos brasileiros. Todas essas propostas são comumente citadas pelos políticos ligados à bancada evangélica.

Mesmo assim, quando os dois candidatos presidenciais evangélicos manifestam suas convicções, a mídia se apressa a relacioná-las com questões de fé. A revista Época, uma das mais influentes do país, dedicou a matéria de capa desta semana ao assinto. Basicamente, analisou as propostas de Marina Silva e do pastor Everaldo e a aceitação de suas propostas.

Em entrevista recente, Marina deixou claro que não gosta desse tipo de cobrança. Questionada pela enésima vez sobre como a religião afetas suas decisões, desabafou: “Essa pergunta é feita a mim porque sou evangélica, nunca vi ninguém fazendo essa pergunta a um líder católico ou a uma pessoa que não tenha crença. A fé de qualquer pessoa faz parte de sua vida e acho que deve ser respeitada tanto quanto quem não tem crença nenhuma”. A candidata ressaltou ainda ser “comprometida com o Estado laico”.


O fato é que Marina de um lado é cobrada publicamente por ter “mudado de ideia” sobre à união civil homossexual. Embora tenha se declarando anteriormente favorável, não quis que no seu programa de governo, fosse usado o termo “casamento”, que tem conotação religiosa.

Muitos líderes religiosos exigiram maior clareza dela sobre as leis envolvendo homofobia, bandeira histórica de seu partido. Até recentemente ela fugia do assunto, pois durante seu governo havia recuado na decisão de distribuir o material didático escolar apelidado que defende a causa homossexual, apelidado de “kit gay”.

Embora o Brasil ainda seja o país com o maior número de católicos do mundo, o percentual de evangélicos não para de crescer. Estatisticamente são 22% da população, ou seja, perto de 27 milhões de votos. Para o IBGE, se o crescimento detectado na última década persisitir, até 2022 o Brasil se tornará 50% evangélico.

Historicamente, Marina não tem ligação com a chamada bancada evangélica. O mais próximo desse movimento é o candidato Pastor Everaldo (PSC), da Assembleia de Deus. Ele já manifestou abertamente suas posturas sobre esses “temas polêmicos” e tem sido mais identificado agora pela sua defesa da privatização da Petrobras, posição que segundo o Ibope é rejeitada por 59% dos eleitores.

A reportagem da Época destacou também como se dá a influência de líderes religiosos, citando uma pesquisa feita em 2002 pelo pastor e escritor Ariovaldo Ramos. Segundo ela, cerca de 25% eleitores escolhe o candidato seguindo a indicação de um pastor, padre, pai-de-santo ou equivalente.

A revista faz ainda a comparação de como, em 2002, o político evangélico Anthony Garotinho (PR-RJ) chegou a 18% dos votos para presidente. Em 2010, Marina Silva, concorrendo pelo PV, chegou a um patamar semelhante (19%). Agora em 2014, concorrendo pelo PSB, a candidata vence essa barreira dos 20% e aparece com chances reais de vencer Dilma no segundo turno. Neste caso, mesmo fugindo do rótulo de “candidata evangélica”, Marina consolidaria a ascensão política dos evangélicos brasileiros, num ano em bateu o recorde do número de candidatos que se identificam com esse segmento.

Segundo levantamento do Broadcast Político, do jornal Estado de São Paulo, nas eleições de 2014, existem 270 “pastores”, 33 “missionários” e 25 “bispos” evangélicos concorrendo a vagas no Congresso Nacional, nos Governos estaduais (em 26 estados) e nas assembleias legislativas. Os candidatos evangélicos são filiados a 16 partidos diferentes, sendo que pelo menos quatro foram criados por eles (PRB, PSC, PR e PEM). Os registros no Supremo Tribunal Eleitoral indicam que este ano, o número de candidatos declaradamente evangélicos cresceu 45%. Fonte:GospelPrime
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