Após sua conversão, o ator Kirk Cameron abandonou a TV e passou a fazer apenas filmes que falem sobre a fé cristã. Ele quase sempre é o “mocinho” e teve destaque com a trilogia “Deixados para Trás” e o romântico “Prova de Fogo”.
Também produziu e roteirizou algumas produções para cinema e TV que falavam sobre apologética. Agora, decidido a resgatar o Natal das mãos dos pagãos, concebeu “Saving Christmas” [Salvando o Natal], que está em cartaz nos Estados Unidos. Ainda sem previsão de lançamento por aqui, o longa está dividindo opiniões e gerando um debate acalorado entre evangélicos.
Durante séculos se debateu até que ponto o 25 de Dezembro realmente deveria ser comemorado. Os estudiosos repetidas vezes já mostraram que esse pode não ter sido o dia do nascimento de Jesus. Por outro lado, existem várias tradições como Papai Noel, árvores de Natal etc. que sempre foram tachados por alguns segmentos cristãos como “heresias” e “paganismo”.
Decidido a oferecer uma releitura desse antigo embate, Cameron escreveu uma história fictícia em que pretende abordar o tema com humor. Convidado para uma festa de Natal na casa de sua irmã Bridgette (vivida pela sua irmã de verdade), Kirk (interpretando ele mesmo) vai tentar convencer o cunhado Christian (uma provocação, já que é a mesma palavra em inglês para cristão) que todos que creem em Jesus como Salvador deveriam comemorar a data e todas as tradições que a acompanham.
Na primeira semana de exibição já arrecadou um milhão de dólares, excelente resultado para um filme de baixo orçamento sem estrelas de Hollywood e com uma mensagem claramente cristã. Mesmo assim, a crítica vem massacrando “Saving Christmas”. Os Estados Unidos têm uma longa tradição de filmes de Natal e, em 2014, Cameron acabou confrontando muitos estereótipos do gênero.
Em especial quando conta a história de como São Nicolau, o mártir do século 3, que distribuía comida e dinheiro aos pobres acabou “emprestando” sua imagem para a figura barbuda, vestida de vermelho que anda em um trenó pelo mundo e desce pelas chaminés.
Nas entrevistas, Kirk Cameron tem dito que seu desejo é encorajar os cristãos a entrar no “espírito de Natal” com mais paixão este ano e resgatar a celebração da mão dos pagãos que a estragaram séculos atrás. Ele faz um apanhado da origem histórica de algumas dessas tradições, mas não consegue dar argumentos sólidos do porque a comemoração é “100% cristã”. É um tanto estranha a ligação que ele faz entre a árvore de Natal e a árvore do conhecimento do bem e do mal mencionada em Gênesis.
Muitos têm criticado o filme justamente por que ele ridiculariza alguns segmentos evangélicos, que condenam o Natal e demonizam o Papai Noel. Recheado de diálogos que caberiam bem em quase qualquer sermão de domingo, faz uso de piadas que possivelmente só seriam entendidas por evangélicos. Muitas delas lembram as esquetes do grupo Porta Estreita.
Claro, o ator e roteirista critica o excesso de consumismo do Natal e defende vigorosamente a necessidade da fé em Jesus como o Salvador. O presépio, as canções de Natal, a reunião da família e a troca de presentes são defendidas como essenciais. Mesmo assim, faz uma apologia exagerada da importância de questões acessórias que pouco tem a ver com a fé (decoração natalina, por exemplo).
Numa análise dos argumentos do filme, a professora de teologia bíblica Katie Hoyt McNabb disse ao The Christian Post que nada no roteiro consegue apresentar “uma interpretação razoável da Escritura”.
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