Pode ter sido coincidência que a data escolhida para o anúncio seja a mesma em que se comemora a Reforma Protestante. O fato é que o fim da Mars Hill pegou o meio evangélico de surpresa. Possivelmente o grupo de igrejas mais famoso do movimento “Igreja emergente”, que teve início nos anos 1990, mostra o fim de um ciclo.
Com sede em Seattle, a Mars Hill Church é uma megaigreja que se tornou uma denominação, possuindo outros 12 locais de culto. Alguns são “igrejas satélite”, onde as pessoas assisitiam em telões as pregações de Mark Driscoll, seu fundador. Em 1996, o pastor Mark (43) começou a reunir pessoas em sua casa e chegou a ter 14.000 membros no início da década de 2010.
Mas nesta sexta-feira, o pastor Dave Bruskas, que comandava a igreja, anunciou que após a saída conturbada de Driscoll, o conselho optou por acabar com o modelo atual. Portanto, as igrejas associadas poderão escolher se tornar independente, fundir-se com outra igreja ou simplesmente fechar as portas.
A mensagem final de Bruskas pode ser lida no site oficial, MarsHill.com. Ele deixa claro que “Historicamente, a nossa missão sempre foi clara: fazer discípulos e plantar igrejas”. Porém a decisão final é: “(1) Todas as propriedades das igrejas existentes da Mars Hill serão vendidas, ou os empréstimos feitos para comprar propriedades individuais serão assumidos pelas igrejas independentes, sujeitos à aprovação dos credores; (2) toda a equipe pastoral será compensada pelo seu trabalho e, em seguida, liberada de seu emprego; (3) se alguma verba permanecer após o encerramento de todo o processo que envolve a Mars Hill, será oferecida como capital inicial para as igrejas recém-independentes; (4) a organização Mars Hill Church existente será dissolvida”.
Este acabou sendo o fim trágico de um processo lento e doloroso que teve início dois anos atrás com uma série de denúncias envolvendo Mark Driscoll. Ele foi acusado de ter plagiado trechos de alguns de seus livros, pagado uma empresa para comprar milhares de cópias para colocá-lo artificialmente nas listas dos mais vendidos. Também foi acusado de não prestar contas do dinheiro doado por fiéis que seria usado para plantar igrejas na África e na Índia.
Nos últimos meses, um grupo de ex-membros da igreja começou uma campanha nas redes sociais contra Driscoll, acusando-o de ter transformado a Mars Hill em seita, ter explorado o trabalho de dezenas de obreiros e “abusado espiritualmente” deles. Afirmavam que muitos de seus ensinamentos recentes são “antibíblicos” e que ele se recusa a corrigir seus erros. Vários pastores que faziam parte do staff renunciaram. Alguns saíram fazendo fortes acusações contra o fundador.
Driscoll reconheceu a maioria das acusações, pediu oficialmente perdão pelas suas atitudes, explicou que os fundos que seriam originalmente destinados à plantação de igrejas no exterior, acabaram ficando na Mars Hill para cobrir as despesas das igrejas nos EUA. Contudo, algumas questões não ficaram totalmente esclarecidas e ele acabou se desligando da igreja no início de Outubro.
Em 2014, duas igrejas satélite fecharam como consequencia da crise financeira causada pela debandada de membros desde que os problemas com Mark começaram.
O anúncio da Mars Hill possivelmente marca definitivamente o fim do movimento “igreja emergente”. Apontado por muitos teólogos como uma tendência para o século 21, reunia pastores com visual despojado, que faziam bom uso da internet para alcançar a geração atual e, sobretudo, tinham um apelo “pós-moderno” para os mais jovens.
Seus outros expontes, Rob Bell e Brian D. McLaren também se envolveram em diferentes polêmicas e perderam credibilidade em muitos círculos evangélicos. Ambos abandonaram o púlpito de suas igrejas e passaram a ser apenas escritores. Bell passou a defender que o inferno não existia e McLaren fez o casamento de seu filho gay, defendendo publicamente que a igreja deveria abraçar incondicionalmente os homossexuais. Com informações de King 5 e Seattle PI
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