O governo do Paquistão suspendeu a moratória da pena de morte em casos de terrorismo, anunciou nesta quarta-feira o gabinete do primeiro-ministro Nawaz Sharif, um dia depois de um ataque talibã que matou 141 pessoas em uma escola, em sua maioria crianças e adolescentes. Os corpos das vítimas começam a ser enterrados nesta manhã, após vigílias realizadas durante toda a noite.
"Foi decidido que esta moratória deve ser suspensa. O primeiro-ministro aprovou" disse o porta-voz do governo Mohiuddin Wan.
O país amanheceu com bandeiras a meio mastro e escolas fechadas. O ataque contra a Escola Pública do Exército em Peshawar, no Noroeste do país, foi o atentado mais violento da História do Paquistão e provocou uma onda de indignação entre a população.
Vigílias à luz de velas e orações nas mesquitas em honra às vítimas ocorreram em diferentes cidades paquistanesas, enquanto em Peshawar começaram os ritos fúnebres que serão realizadas em conjunto sob um forte esquema de segurança.
No Paquistão, as condenações à morte são relativamente frequentes, mas a pena deixou de ser aplicada em 2008, com exceção do caso de um soldado condenado em 2012 por um tribunal militar. A Anistia Internacional calcula que mais de 8 mil pessoas estão no corredor da morte no Paquistão, dez por cento delas por terrorismo.
O crime tem uma definição muito ampla na lei paquistanesa. Cerca de 17 mil casos de terrorismo aguardam julgamento em tribunais especiais do país. Um relatório do Justice Pakistan Project divulgado nesta quarta-feira diz que aqueles que são condenados por terrorismo são com frequência torturados para confessar e têm negado o direito a um advogado, e que as recentes ações de repressão não tem sido bem-sucedidas em impedir os ataques de militantes.
"Parte dos réus cujos crimes não têm nenhuma relação com terrorismo foi condenada à morte após julgamentos extremamente injustos - enquanto isso, ataques terroristas continuam", disse o grupo.
Sharif se reunirá nesta quarta-feira com os principais partidos políticos para discutir a situação no país após o ataque. O líder do partido opositor PTI, Imran Khan, que liderou protestos de rua contra o governo, estará presente na reunião.
O ataque foi descrito pelo premier como uma "tragédia nacional" e condenado pelos líderes mundiais e até mesmo pelo Talibã afegão.Fonte: O Globo
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