Aula prévia referente a Lição 02: O padrão da Lei Moral do 1º Trimestre de 2015: Os Dez Mandamentos - Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança, como preparação dos Professores e Alunos.
Texto Áureo Dt. 4.13 – Leitura Bíblica Dt. 9.9-11;10.1-5
1. AS DEZ PALAVRAS: A expressão “as dez palavras”, em hebraico, asseret hadebarim, revelam o aspecto diretivo da lei divina. Em poucos termos o Deus de Israel se volta para Seu povo, a fim de que esse saiba como se conduzir. Essas palavras tinham como objetivo preservar a nação que estava em construção, para que não se perdesse, em razão dos seus pecados. A origem dessas palavras está no próprio Deus, pois em Ex. 20.1 está escrito “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo”. Trata-se, portanto, de uma revelação, que deve ser acatada com humildade, sobretudo com gratidão. O Senhor Deus, que tirou o povo do Egito, da casa da servidão, é o mesmo que oferece o caminho para uma vida próspera (Ex. 20.2). Ele exige exclusividade, que Israel não tenha outro Deus além dEle (Ex. 20.3). Sendo o Único e Verdadeiro Deus, deve ser adorado em conformidade com Sua revelação (Ex. 20.4). Seu nome não pode ser tomado em vão (Ex. 20.7), e que é Senhor do tempo, por isso devemos dedicar momentos para o descanso e a contemplação (Ex. 20.7). Deus exige que haja respeito às autoridades, a começar pelo lar no qual os filhos devem honrar seus pais (Ex. 20.12). A vida tem valor primordial para Deus, por isso ninguém deve tirá-la (Ex. 20.13). O sexo foi criado por Deus, mas não pode ser usado indevidamente, por isso o Senhor dá orientações contra o adultério, preservando, assim, o matrimônio (Ex. 20.14). O Deus que se revelou no Sinai é Verdadeiro, por isso exige que Seu povo fale a verdade, não dando falso testemunho (Ex. 20.16). O princípio da propriedade também é respeitado, por isso ninguém deve se apropriar do que é do outro (Ex. 20.15). Ao mesmo tempo, espera-se que as pessoas cultivem o contentamento, e não se deixem conduzir pela cobiça (Ex. 20.17).
2. A UTILIDADE DA TORAH: A torah de Deus é boa, o problema não está com a lei (I Tm. 1.8), antes com o ser humano, por causa da sua condição pecaminosa. Existe um problema na supervalorização que se está dando à doutrina da graça e do amor divino nos dias atuais. Por causa disso, estão transformando o evangelho naquilo que Bonhoeffer denominou de “graça barata”. Ninguém deveria receber a graça sem antes conhecer a força da lei. Como diz o hino da Harpa Cristã: “mais um dia senti meu pecado e vi sobre mim a espada da lei, apressado fugi em Jesus me escondi, e abrigo seguro nEle achei”. Existe uma dialética na torah, ao mesmo tempo em que ela exige santidade, é incapaz de fazer com que a pessoa se torne santa. Por isso a lei revela a necessidade de uma Salvador. É a partir do conhecimento, não apenas intelectual, sobretudo experiencial, que podemos encontrar a verdadeira liberdade (Jo. 8.36). É na liberdade que Cristo nos dá (Gl. 5.13) que passamos a viver como servos (I Pe. 2.16). A expressão maior dessa liberdade é o amor, pois a torah se cumpre no amor (Gl. 5.14; Mt. 22.37-40; Jo. 14.15). O evangelho de Jesus nos impulsiona à obediência em amor. Paulo explica aos romanos que “veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm. 5.20,21). Isso acontece porque ninguém é capaz de obedecer a torah, nenhuma carne pode ser justificada pelas obras da lei, por ela vem apenas o conhecimento do pecado (Rm. 3.20).
3. A INTERPRETAÇÃO DA TORAH: Uma interpretação cristocêntrica da torah é necessária, para evitar os extremos do legalismo, que muito prejudicou as igrejas da região da Galácia (Gl. 1.7-9; 3.1-3). A orientação fundamental é considerar a norma hermenêutica: A Bíblia interpreta a Bíblia. Avaliar passagens correlacionadas, respeitando o contexto, é um cuidado que todo intérprete das Escrituras deve ter. Se toda a lei se resume no amor, não podemos fugir desse princípio hermenêutico (Rm. 13.10). Isso não quer dizer que devemos desconsiderar a lei, muito menos a necessidade de disciplina quando essa for necessária (I Co. 5.1-13). Mas também devemos atentar para o fato bíblico de que todos pecaram (Rm. 3.23), e que se tornaram carentes do dom gratuito de Deus (Rm. 6.23). Ao mesmo tempo em que devemos envidar todos os esforços para obedecer a torah, dependendo principalmente do fruto do Espírito (Gl. 5.16-22), devemos saber que somos limitados, e que podemos nos tornar culpados de todos, ainda que venhamos a tropeçar em apenas um dos seus itens (Tg. 2.10). Por isso não podemos perder Jesus de vista na interpretação da torah, pois o fim da lei é Cristo (Rm. 10.14), tendo Ele nascido sob a lei (Gl. 4.4), cumprido sua justiça (Mt. 3.15), e não cometendo pecado (I Pe. 2.2). Jesus foi crucificado “para que a justiça da Lei se cumprisse em nós” (Rm. 8.4). A morte de Cristo na cruz do calvário é a certeza da nossa salvação. Porque Ele cumpriu a Lei, vivemos pela fé, na esperança que se consumará na eternidade. Como diz a letra de um hino antigo, “a cruz foi a caneta que escreveu com sangue tua salvação”.
CONCLUSÃO: Jesus é o padrão da lei moral, é o Exemplo a ser seguido, Deus não espera menos de nós. Cada dia, na comunhão com o Espírito Santo, somos direcionados a imitar o caráter de Cristo. Nas palavras de Paulo esse é um “andar no Espírito”. Não podemos perder o alvo de vista, por isso, se esquecendo das coisas que para trás ficam, sigamos adiante com os olhos fitos em Cristo (Fp. 3.13,14), sabendo que Ele é o Autor e Consumador da nossa fé (Hb. 12.2).
BIBLIOGRAFIA: PACKER, J. I. Keeping the 10 commandments. Wheaton: Crossway Books, 2007.
RYKEN, P. G. Os dez mandamentos para os dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
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