“Elas podem até ser privadas da convivência com seus filhos em caso de divórcio de seu marido muçulmano. O Código da Família Argelina não concede a guarda para o cônjuge que confessa uma religião diferente do islamismo”, compartilha a cristã argelina Djamila.
Os primeiros anos de Djamila como cristã foram vividos sob forte pressão de seus pais muçulmanos. Ela, que se converteu há 20 anos, só encontrou plena liberdade para praticar sua fé quando se casou com outro cristão. Atualmente, ambos servem ao Senhor em uma igreja no norte da Argélia.
Em conversa com um colaborador da Portas Abertas, Djamila fala sobre o sofrimento de cristãs na Argélia e suas necessidades. O que, segundo ela, também se aplica para os outros países do norte do Continente Africano.
"As mulheres argelinas sempre estiveram sob pressão. Só temos o direito de existir, enquanto permanecermos em silêncio. As mulheres não são realmente livres. Aquelas que se convertem a Jesus Cristo enfrentam novos desafios, que, por vezes, custa-lhes muito caro", afirma ela.
“Elas enfrentam rejeição e humilhação de suas famílias. Outras são repudiadas por seus maridos por causa de sua fé. Elas podem até ser privadas da convivência com seus filhos caso se divorciem de seu marido muçulmano. O Código da Família argelino não concede a guarda para o cônjuge que confessa uma religião diferente do islã. Outras mulheres são obrigadas a usar o hijab (véu islâmico), caso contrário, elas não estão autorizadas a sair de casa".
Djamila afirma que muitos cristãos vivem a sua fé em segredo e total silêncio para evitar serem expostos à pressão que a sociedade lhes impõe.
"Os pais podem impor à sua filha o casamento com um muçulmano. Quando se casam, muitas se veem em uma situação de conflito e de incompatibilidade, que às vezes termina em divórcio. Se a moça quiser se casar com um cristão, os pais repudiam o matrimônio.”
Ela continua: “As cristãs na Argélia precisam de oração. Pessoalmente, creio que a Igreja no país deveria fornecer uma infraestrutura para acomodar as mulheres que passaram por um divórcio por causa de sua fé ou para as meninas perseguidas ou rejeitadas pela família pela mesma razão”.
De acordo com Djamila, as mulheres têm todo o tipo de tarefas na Igreja: há pastoras, diaconisas e presbíteras. “Além disso, as jovens e estudantes que têm um coração para servir, apesar dos constrangimentos e desafios que enfrentam, estão sempre envolvidas nas atividades cristãs. Eu acredito que as mulheres podem influenciar positivamente as gerações futuras. As Escrituras falam de mulheres que marcaram as histórias bíblicas, como Débora, Ester e Lídia.”
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