Aula prévia referente a Lição 08 "NÃO MATARÁS" do 1º Trimestre de 2015: Os Dez Mandamentos - Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança, como preparação dos Professores e Alunos
NÃO MATARÁS
INTRODUÇÃO: Dando continuidade aos estudos dos Dez Mandamentos, nos deteremos na aula de hoje no sexto mandamento: Não matarás. Inicialmente faremos uma análise da expressão, a fim de dirimir dúvidas teológicas, a partir do hebraico bíblico. Em seguida, ressaltaremos o valor desse mandamento, considerando a natureza sagrada da vida. Ao final, apontando os riscos de deixar de levar a sério esse importante mandamento.
1. NÃO MATARÁS: Esse mandamento é um dos mais curtos, a expressão hebraica é lo ratzach, ou simplesmente: “não mate”. O verbo hebraico ratzach tem a especificidade de se referir “ao assassinato de um ser humano”. Nada tem a ver com a pena de morte no sistema jurídico, ou em um confronto de guerra, ou até mesmo à morte de um animal. Essa expressão, em Ex. 20.13, se refere ao homicídio culposo, no qual há intenção de matar. Os casos de mortes acidentais eram previstos no sistema mosaico, que preservava a vida daquele que as ocasionasse (Dt. 4.42). Isso porque no sistema jurídico de Israel a pena capital era permitida, além da morte resultante em confrontos bélicos. Essa possibilidade é concebida também no Novo Testamento, o apóstolo Paulo não recomenda, mas atesta que o governo “não traz debalde a espada” (...) e que esse “é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm. 13.4). De acordo com esse texto, não compete a qualquer pessoa realizar a vingança (Rm. 12.19), mas o governo pode ter a responsabilidade de julgar, dependendo das leis do país, com a pena capital. Mesmo com essa possibilidade, os cristãos costumam adotar um posicionamento favorável à vida, dando ao transgressor a oportunidade para o arrependimento. Além disso, faz-se necessário reconhecer que o Estado também é falho, e pode incorrer no risco de julgar indevidamente as pessoas. Em um contexto de corrupção, é possível que os condenados à morte sejam justamente aqueles que se encontram em posição de vulnerabilidade. O evangelho de Jesus Cristo garante ao pecador a possibilidade de arrependimento, e esse deve ser o posicionamento da igreja (At. 3.19).
2. A VIDA É UMA DÁDIVA: O sexto mandamamento ressalta a dignidade da vida humana, infelizmente essa geração tem sido marcada pela cultura da morte. A morte está se alastrando por todos os lados, e as vidas das pessoas estão sendo coisificadas. A morte do ser humano está sendo banalizada, as produções cinematográficas e os programas de TV atestam essa realidade. Os atentados à vida também são comuns, empreitadas terroristas que assustam as pessoas, chacinas de menores nas ruas e nas escolas. A cultura da violência está se propagando de tal modo que estamos deixando de nos escandalizar com os assassinatos. Cada ser humano que morre é contado com números frios, sem atentar para a dignidade da vida nas Escrituras (Gn. 4.8; Lv. 24.21; , e que nos é reafirmada nas palavras de Jesus (Jo. 10.10). Atentados contra a vida podem ser constatados também nas práticas do aborto e da eutanásia (Jó. 12.10). Comumente os evangélicos são rotulados de conservadores, em virtude do seu posicionamento contra essas práticas. Na verdade, os cristãos se posicionam em favor da vida, ao defenderem que o feto é vida (Sl. 139.13-16; Jr. 1.5), e que a vida das pessoas não são descartadas, quando essas adoecem (Sl. 139.13-16), ou estão nos dias da velhice (Sl. 92.14). A igreja deve manter seu posicionamento firme em relação a esses assuntos, mas também dar o exemplo através de práticas sociais que auxiliem pessoas marginalizadas, ou que se tornaram vítimas de um sistema que descarta a vida humana. Como o samaritano da parábola de Jesus, devemos ajudar os mais necessitados, aqueles que são desconsiderados pela sociedade utilitarista (Lc. 10.31-37).
3. CUIDADO: Não é difícil transgredir o sexto mandamento, isso se atentarmos para o conceito bíblico mais amplo de assassinato. Muitas pessoas estão matando a fé uma das outras através de atitudes escandalosas. Além disso, a agressão não se dá apenas pelos meios físicos, mas também pelo verbal (Mt. 5.21,22). A ofensa é uma forma de manifestar esse mandamento, na medida em que denigre a imagem da pessoa humana. Deus abomina o cerne do assassinato, onde esse se origina, no ódio alimentado, e no desejo de vingança. Há pessoas que não matam fisicamente, mas desejam que seus inimigos morram. Por esse motivo João adverte que “todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (I Jo. 3.15). O coração de algumas pessoas está repleto de ódio, por isso utilizam a língua para disseminar a maldade, e destruir a vida das pessoas (Mt. 12.34). O autor dos Provérbios destacou que existem pessoas cujas palavras são como pontas de espada (Pv. 12.18). Há pessoas que agridem os outros verbalmente, e não se ressentem de suas palavras, isso também é assassinato. As palavras têm o poder de matar, existem muitas pessoas nas igrejas adoecidas por causa de uma agressão verbal. Lembramos que um dos motivos do assassinato pode ser a inveja, por causa dela Caim matou seu irmão Abel (Gn. 4.8). Esse sentimento tôxico tem causado muitos males à sociedade, inclusive às igrejas, pessoas adoecidas que querem se colocar acima das outras. Por causa da inveja muitos estão sendo assassinatos diariamente, fisicamente, emocionalmente e espiritualmente.
CONCLUSÃO: Em meio à cultura da morte, a igreja da responsabilidade de levar adiante a mensagem da vida. Não podemos esquecer que Jesus é a Vida (Jo. 11.25; 14.6). E porque estamos a serviço do Autor da Vida, devemos investir na vida, se opondo à cultura da morte. Para tanto, precisamos pregar, usando as palavras e atitudes que façam a diferença na sociedade. A vida de Cristo deve contagiar as pessoas, devemos ser canais de vida, em um mundo no qual cada vez mais se propaga a morte.
BIBLIOGRAFIA: HAUERWAS, S. M., WILLIMON, W. J.The truth about God: the ten commandments in christian life. Nashvile: Abingdon Press, 1999.
RYKEN, P. G. Os dez mandamentos para os dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
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