domingo, 4 de setembro de 2016

Igrejas evangélicas do Brasil vivem crise econômica




Estima-se que o Brasil tenha cerca de 50 milhões de evangélicos. O mercado gospel que supre as demandas desse público está dando indícios de viver uma crise financeira que reflete o momento pelo qual passa o país, que vê chegar a 12 milhões o número de desempregados.

Mesmo com a saída de Dilma, cujas políticas equivocadas geraram o mau momento econômico, os problemas devem persistir. Especialistas já apontaram que será necessário quase uma década para reparar os estragos deixados pela administração dela.

O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, especialista em religiões, explica que a renda per capita do Brasil caiu, em média, 10%. “A perda de poder aquisitivo das classes C e D com certeza afetou as igrejas, sobretudo aquelas muito comerciais. As menos voltadas para a arrecadação podem até ter recebido mais fiéis, em busca de alívio para suas dificuldades”, analisa.

Isso coloca em xeque a Teologia da Prosperidade, adotada por um número crescente de igrejas no país. Ela prega que quanto mais o fiel ofertar a Deus, mais bênçãos receberá. O paradoxo está no fato de que, mesmo anunciando isso há décadas, ministérios conhecidos por defendê-la experimentam um declínio nas arrecadações de dízimos e ofertas.


A revista Veja fez um levantamento e constatou que, no último ano e meio, a queda de receita chega a 40% em alguns segmentos de produtos e serviços voltados para os evangélicos. O processo de declínio se acelerou em meados de 2015.

Um dos primeiros a se manifestar sobre o assunto, no ano passado, foi o pastor Silas Malafaia, líder do Ministério Vitória em Cristo: “Tive que demitir cem pessoas, quase 10% do total que emprego. Também pisei no freio na inauguração de novos templos”.



Sua denominação pretendia inaugurar em 2016 mais quinze igrejas pelo Brasil. Por causa da diminuição de arrecadação, apenas oito ficarão prontas. O templo de 20 milhões de reais para 6 000 pessoas em São Paulo, principal desafio do momento, corre risco de atrasar. “Meu desejo era inaugurá-lo em quatorze meses. Agora vai depender da economia e entrada de recursos”, resume.

O missionário R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, também está construindo um templo milionário em São Paulo. O reflexo da crise atingiu sua Faculdade do Povo, fundada em 2009 por uma associação ligada à Graça. Ela oferecia cursos na área de comunicação para 430 alunos, mas acabou fechando as portas.

Destoam desse cenário as igrejas de estados onde a base da economia é o agronegócio. Segundo o bispo Robson Rodovalho, fundador da Sara Nossa Terra, Goiás, Mato Grosso do Sul e interior de Minas Gerais, as coisas não mudaram tanto. “Já onde a economia depende da indústria, como São Paulo, tudo despencou. Em Pernambuco, a operação Lava-Jato causou grande estrago”, explica.

Um dos motivos para isso foram os milhares de desempregados da refinaria Abreu e Lima, obra paralisada por causa das investigações sobre propinas.

A Sara admite que precisou dispensar 250 funcionários (15% do efetivo com carteira assinada) e cortar despesas. Dos 1 400 templos da Sara Nossa Terra, 400 funcionam em sede própria. Os demais negociaram a redução do valor dos aluguéis em cerca de 20%. Fonte: Gospel Prime



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