A renúncia do general reformado David Petraeus ao comando da CIA (a agência de inteligência dos EUA) é o primeiro desafio que o presidente Barack Obama precisará enfrentar após seu triunfo eleitoral.
General experiente, que já esteve à frente das tropas dos EUA no Iraque e no Afeganistão, Petraeus era um dos pilares da política de segurança americana e um dos estrategistas militares mais influentes do pós-11 de Setembro no país.
Ele deixou a direção da CIA após admitir uma relação extraconjugal. "Depois de estar casado por 37 anos, eu tomei a decisão errada de iniciar um caso extraconjugal", anunciou Petraeus. "Esse comportamento é inaceitável, tanto como marido, quanto como líder de uma organização com a nossa (CIA). E esta tarde, o presidente aceitou minha renúncia."
O caso extraconjugal de Petraeus teria sido descoberto por acaso pelo FBI, durante uma investigação sobre outros assuntos não divulgados. Segundo o jornal americano The New York Times, Obama recebeu a notícia de que o general pretendia renunciar na quinta-feira (dia 8), logo após comemorar sua reeleição, em Chicago.
"Ele ficou surpreso e desapontado", disse uma fonte da Casa Branca ao jornal. "Não é algo que estava esperando ouvir um dia depois de ser reeleito."
Biógrafa
Segundo membros do Congresso e funcionários da área de segurança não identificados (citados pela imprensa americana), a amante de Petraeus seria Paula Broadwell, autora de uma biografia do general publicada no início do ano.
Broadwell seria pesquisadora da Universidade de Harvard e trabalhou para as Forças Armadas americanas por 15 anos. Ela teria passado um bom tempo com Petraeus no Afeganistão, quando entrevistou o general para o seu livro.
Petraeus teve uma carreira de 37 anos no Exército americano. Liderou as tropas no Iraque e serviu, entre 2010 e 2011, como comandante das forças dos EUA e da Otan (a aliança militar do Atlântico Norte) no Afeganistão.
Ele passou para a reserva em agosto de 2011, dias antes do 10º aniversário do 11 de Setembro, para assumir a chefia da CIA.
Enganando a morte
Nascido em 1952, David Petraeus cresceu no estado de Nova York antes de ser aceito na academia militar de West Point, conhecida por formar a elite do Exército americano.
Ele se graduou em 1974 e serviu nas unidades de paraquedistas, infantaria mecanizada e infantaria de assalto nos Estados Unidos, na Europa e no Oriente Médio.
Em 1991, foi baleado no peito acidentalmente por um soldado durante um exercício militar e teve de passar por uma cirurgia de cinco horas. Anos depois, esteve novamente perto da morte quando seu paraquedas falhou a 18 metros do chão, durante um treinamento. O resultado do acidente foi uma fratura na pélvis.
Em 2003, ele comandou a 101º Divisão de Paraquedistas em Bagdá. Mas ficou pouco tempo em combate, já que as forças armadas iraquianas foram derrotadas com rapidez na capital.
Sua divisão foi então transferida para Mosul, onde ele recebeu a missão de treinar as forças de segurança locais e ajudar a criar condições para a reativação da economia e estabelecimento de instituições democráticas no país.
Pouco depois, Petraeus assumiu o comando da Força Multinacional do Iraque, encarregada de formar um novo Exército iraquiano e fortalecer a Polícia do país.
Doutrina Petraeus
Diante das dificuldades para estabilizar o Iraque, o governo americano decidiu enviar mais 30.000 soldados ao país antes de iniciar o plano de retirada, no que ficou conhecido como "Doutrina Petraeus".
Ao general também é atribuída a criação de parcerias entre as Forças dos EUA e tribos sunitas na província de Anbar, para enfrentar a Al-Qaeda.
Após 20 meses no comando das operações no Iraque, Petraeus foi nomeado chefe do Comando Central dos EUA, assumindo a responsabilidades pelas operações militares em toda a Ásia Central.
Ele foi designado comandante das forças no Afeganistão em 2010 e se aposentou do Exército em 2011 para substituir Leon Panetta, agora ministro da Defesa, como chefe da CIA.
Sob a liderança de Petraeus, a CIA continuou a aumentar seu envolvimento em operações secretas, como o uso de aviões não tripulados para ataques no Paquistão e o estabelecimento de bases secretas no Afeganistão.
Fonte:BBC
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