quarta-feira, 12 de junho de 2013

ESTUDO DA E.B.D LIÇÃO 11 "A FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL"

Aula prévia referente da Lição 11- A FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL
do 2º Trim. 2013. Para preparação dos Professores e Alunos da E.B.D

                                      Ev. Dr.Caramuru Afonso Francisco
                                          Assembléia de Deus - Belém/SP
A FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL
Texto Áureo: Dt. 31.12 – Leitura Bíblica: Ne. 8.1-7

INTRODUÇÃO: A Escola Bíblica Dominical (EBD) é uma das maiores agências de ensinamento da igreja, mas, infelizmente, ainda pouco valorizada. Na aula de hoje estudaremos a respeito da importância da EBD, principalmente para as famílias cristãs. Antes trataremos sobre sua história, e por fim, sua vasta contribuição para a formação de pessoas comprometidas com a Palavra e o Reino de Deus. Esperamos que a aula de hoje sirva de despertamento, principalmente para a liderança da igreja, a fim de que esta perceba o valor dessa escola para a formação da família, e, por conseguinte, de obreiros.

1. A ORIGEM DA ESCOLA DOMINICAL: A Escola Dominical como conhecemos hoje é resultado da contribuição do jornalista anglicano inglês Robert Raikes. Preocupado com a situação social das crianças inglesas em Glaucester, decidiu ocupa-las aos domingos, para não se envolverem com vícios. Isso porque, em decorrência da revolução industrial, as crianças trabalhavam nas fábricas durante a semana, mas ficavam ociosas nesse dia da semana. A alternativa foi criar uma escola gratuita, com a ajuda do Rev. Thomas Tock, ministro anglicano, que conseguiu matricular cem crianças, com faixa etária entre seis a quatorze anos de idade. O objetivo principal da Escola Dominical era trabalhar o desenvolvimento do caráter dessas crianças através do ensinamento bíblico. Inicialmente a Escola Dominical era uma atividade paraeclesiástica, que funcionava na Rua Saint Catharine, como uma obra social. Algumas crianças não queriam vir para a Escola Dominical porque suas roupas eram estavam rotas. Raikes providenciou roupas novas e material de higiene para que elas não se envergonhassem de frequentar aquele instituto infantil. As aulas iniciavam às 10h e prosseguiam até às 14h com aulas bíblicas e também de matemática, história e inglês, com intervalo de uma hora para o almoço. Após a aula as crianças eram conduzidas à igreja, onde recebiam ensinamento doutrinário até às 17h30min. A Escola Dominical surtiu um efeito tão positivo que levou Raikes a divulgar seu resultado em seu jornal no dia 03 de novembro de 1783, data em que se comemora, no Reino Unido, o dia da fundação da Escola Dominical. Em 1784 a Escola Dominical contava com 250 mil crianças matriculadas, como resultado, a criminalidade em Glaucester caiu. O trabalho causou tanto entusiasmo que acabou sendo copiado em outros países, inicialmente nos Estados Unidos. A igreja anglicana não aceitou de bom grado o movimento da Escola Dominical, justificando que se tratava de um ensinamento realizado por leigos. Houve uma solicitação, no parlamento inglês, em 1800, para que as escolas dominicais fossem interrompidas. Quando Raikes faleceu, 1811, de um ataque de coração, 400 mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais do mundo. Nesse mesmo ano a Escola Dominical se abriu para adultos, criando, assim, a divisão em classes. A Escola Dominical foi fundada no Brasil em 19 de agosto de 1855 pelo casal de missionários escoceses Robert Sarah Kalley, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Apenas cinco crianças assistiram aquela primeira aula, que, posteriormente, se espalhou para o Brasil inteiro através das várias denominações evangélicas.

2. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOMINICAL:A Escola Dominical moderna surgiu através de uma necessidade social, mas, sobretudo, espiritual. Seus princípios remetem ao período bíblico, tendo em vista que Deus, já no Jardim do Éden, deu instruções claras ao primeiro casal (Gn. 3.8-11). Posteriormente, Deus delegou aos pais a responsabilidade de transmitirem aos filhos a Sua Palavra (Dt. 6.7-9). Com o passar do tempo, e em decorrência da institucionalização da religião judaica, os sacerdotes também assumiram essa tarefa (Dt. 24.8), e também os profetas (Is. 6.8-10; Jr. 11.1-4). Os reis piedosos reconheciam a valor do ensinamento da lei de Deus, para tanto favoreciam as condição para que a instrução acontecesse (II Cr. 17. 7-9). O despertamento para a exposição da palavra sempre resultou em despertamento espiritual, tanto na história de Israel quanto da Igreja. Exemplo disso é o grande avivamento judaico após o cativeiro babilônico, nos tempos de Esdras e Neemias (Ne. 8.1-9). No Novo Testamento, Jesus é o exímio exemplo de ensinador, não por acaso era reconhecido como Rabi, Mestre (Jo. 3.2). Após Sua morte e ressurreição, Jesus comissionou sua igreja a fazer discípulos em todas as nações (Mt. 28.19). Esse é um dos principais objetivos da Escola Dominical, ensinar tudo aquilo que Jesus fez e ensinou (At. 1.1,2). Mas muitas igrejas, inclusive obreiros, deixam de dar o devido valor à Escola Dominical, colocando-a em segundo plano. A obsessão por um crescimento meramente quantitativo tem distanciado muitas igrejas da visão de discipulado ensinada por Jesus. O descaso com a Escola Dominical pode ser percebida, por exemplo, pela ausência da liderança nas aulas. Antigamente esse era o principal instituto de formação de obreiros. Os candidatos ao ministério não eram consagrados a menos que fossem alunos assíduos da Escola Dominical. A realidade tem sido cada vez mais modificada, a própria arquitetura das igrejas não considera a Escola Dominical. Existem espaços para as multidões, mas não há salas de aulas preparadas para receber seus alunos. Os professores são escolhidos não pelo esmero para ensinar (Rm. 12.7), mas pela proximidade com algum líder da igreja. Na verdade, a frequência na Escola Dominical deveria ser um critério para a escolha de pessoas para atuar em todos os trabalhos da igreja. A Assembleia de Deus não tem ainda uma tradição consolidada no ensinamento bíblico em institutos. Por isso, a Escola Dominical, na maioria dos casos, funciona como o último reduto para a formação de líderes. As Escolas Bíblicas, outrora realizadas por vários dias, são realizadas atualmente em apenas um final de semana, deixando muito a desejar. Sem um ensinamento consistente e sistemático da Bíblia estaremos fadados a uma liderança franca, levada por qualquer vento de doutrina, que não maneja bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15).

3. A FAMÍLIA NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL:As famílias também precisam aprender a valorizar a Escola Dominical como recurso institucional para formação bíblica dos membros da Igreja. O currículo da Escola Dominical favorece um ambiente que assiste a todas as faixas etárias da igreja. A família inteira pode ser abençoada através da instrução bíblica na Escola Dominical. Há currículos para as crianças, bem como para jovens e adultos. A Escola Dominical é um instrumento valioso que contribuiu para o cumprimento de Pv. 22.6 na vida das crianças. Os jovens também podem aprender, através da Palavra de Deus (Sl. 119.9), a fugirem do pecado (II Tm. 2.22). Isso porque como estava escrito na contracapa de Bíblia de Dwight Moody “ou este livro me afastará do pecado ou o pecado me afastará deste livro”. Os jovens evangélicos de hoje carecem de formação bíblica, os adultos também. As pesquisas revelam que os evangélicos da atualidade não sabem sequer encontrar passagens na Bíblia. Há quem não saiba, por exemplo, se determinado livro se encontra no Antigo ou Novo Testamento. Existe um movimento forte na igreja evangélico em prol da ortopraxia, isto é, de uma vida cristã condizente com a verdade. Mas é pouco provável que tenhamos ortopraxia sem uma ortodoxia firme (Fp. 4.9). Aqueles que se integram às igrejas somente poderão fazer aquilo que forem ensinados (II Tm. 3.16). É a partir do conhecimento revelado, e da intimidade com Deus que desenvolverão o fruto do Espírito (Gl. 5.22). Para que os crentes possam produzir frutos, é necessário que esses permaneçam em Cristo, a Videira Verdadeira (Jo. 15.1-16). Ele é a Palavra, devemos ouvi-LO, caso contrário, não passaremos de cristãos nominais, descompromissados com a fé genuína, uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3). A ilusão das igrejas numerosas está causando um terrível mal ao movimento evangélico brasileiro. O crescimento numérico está contribuindo apenas para um acúmulo de gente, descompromissada com a Palavra, que não podem ser chamadas de discípulos de Cristo, pois se negam a carregar a cruz (Mt. 16.24). A igreja deve estimular as famílias a frequentarem a Escola Dominical, mas ao invés de apenas enviarem seus filhos, os pais devem ir também, conduzindo seus filhos no caminho, dando o exemplo.

CONCLUSÃO: Em alguns arraiais evangélicos já se fala na falência da Escola Dominical, mas nem todos acreditam nessa falácia. Todos aqueles que reconhecem seu valor inestimável, continuam a defendê-la, e a trabalharem por ela. Se existe um trabalho na igreja que merece investimento, inclusive financeiro, é a EBD. O retorno pode não ser financeiro, muito menos imediato, mas renderão dividendos preciosos no futuro para o serviço cristão, sobretudo, para a eternidade. Pais e mães, a família e a igreja como um todo, não devem medir esforços para fortalecer a Escola Dominical na sua congregação.

BIBLIOGRAFIA: HANDRICKS, H. Ensinando para transformar vidas. São Paulo: Betânia, 1991.
GILBERTO, A. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

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