quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Igreja da Síria critica silêncio de cristãos diante dos massacres

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Há mais de dois anos a história se repete. Milícias muçulmanas avançam sobre cidades onde cristãos e muçulmanos viviam em paz e tudo muda. Eles começam a forçar conversões ao islamismo, queimam e saqueiam casas e igrejas, chegando a decapitar ou até mesmo crucificar os que não negam sua fé em Jesus.

Notícias semelhantes chegaram ao conhecimento da imprensa mundial no início de novembro. Duas semanas atrás, milícias rebeldes invadiram a vila de Sadad, a 100 quilômetros da capital Damasco. O vilarejo é tão antigo que seu nome é mencionado na Bíblia em Números e em Ezequiel, com a grafia original de Zedade.

A grande maioria das 3000 pessoas que atualmente vivem ali são cristãos. Nos primeiros dias, 45 foram mortos, dezenas ficaram feridos e milhares forçados a abandonar suas casas usando apenas a roupa do corpo.

Os rebeldes que lutam contra o governo, destruíram igrejas e mosteiros que estavam no lugar havia séculos. As Forças Armadas da Síria reocuparam a vila alguns dias depois, e muitos já regressaram para casas embora ainda temam novos ataques.


Surgiram agora relatos de dezenas de feridos e muitos desaparecidos. Um dos casos mais chocantes é de uma família inteira dizimada. Avó, filha e netos, com idades entre 16 e 90 anos, foram estrangulados e lançados juntos em uma cisterna.

Noura Haddad de 18 anos, que está refugiada numa cidade vizinha, lembra: “Eles queriam nos matar só porque éramos cristãos. Nos chamavam de kafirs (infiéis). Até mesmo os que eram nossos vizinhos se voltaram contra nós. Tenho mantido contato com os poucos amigos cristãos que voltaram para casa, mas eu não posso dizer que ainda tenho algum amigo muçulmano depois disso. É muito triste”.

O arcebispo da Igreja Siro-Ortodoxa, Selwanos Boutros Alnemeh, lançou um questionamento incômodo durante o funeral das vítimas. “Pedimos socorro ao mundo; ninguém nos escuta. Onde está a consciência cristã? Onde estão os nossos irmãos?”.

Diferentes igrejas da Síria, incluindo ortodoxas, evangélicas e católicas, se uniram para pedir socorro e condenar a violência contínua contra os cristãos do país.

Mais de um terço dos cristãos da Síria não está mais no país desde o início da guerra civil, afirma o maior líder católico sírio, Gregório III Laham. Ele disse acreditar que mais de 450 mil cristãos estão refugiados ou mortos. Mesmo assim, afirmou que a comunidade cristã da Síria irá sobreviver. Segundo Laham, os cristãos devem testemunhar uma nova forma de vida e novos valores ao mundo árabe durante a atual crise. “A nossa missão é tentar mudar a visão do mundo árabe”. Com informações de Reuters e Catholic.

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