Durante o período do Carnaval, muitas igrejas realizam projetos de evangelização entre os foliões, chamados impactos evangelísticos, incluindo até blocos chamados evangélicos. O fato tem gerado debates calorosos, com posicionamentos contra e a favor.
Quero fazer algumas considerações que acredito necessárias para que a igreja brasileira possa caminhar nesta época de grandes e rápidas mudanças:
1.O desafio de realizar Missões Urbanas precisa ser levado a sério – Entre tantas definições contemporâneas para Missões, gosto da definição tradicional que os missionário pioneiros nos deixaram como legado: “Missões é a ação da igreja em um outro contexto cultural”. Essa definição deixa clara a diferença entre missões e evangelização e também estabelece a co-relação entre elas: missões tem a ver com transpor obstáculos; evangelização, como a ação de pregar o evangelho a partir de nossa própria comunidade. Neste sentido, nem toda evangelização é realizar missões, mas todo ato missionário tem como co-autor o evangelismo.
Agora há de se reconhecer que fazer missões em ‘Jerusalém’, nossa cidade, é mais problemático do que nos confins da terra. As sub-culturas, as tribos existentes nas cidades, precisam ser alcançadas e os critérios de alcance precisam vir junto com os princípios missiológicos que se fazem necessários para o alcance dos povos. Acredito que se uma igreja realmente possui a visão de realizar missões urbanas por ocasião do carnaval, ela necessita de buscar métodos que sejam eficientes e eficazes na proclamação do evangelho.
2.Esses métodos precisam vir lincados à noção de “tribos urbanas” - Talvez aqui esteja o maior desafio missionário. Não sou sociólogo, mas acho que não cometo nenhum ato desvairado quando afirmo que o carnaval, os blocos, as escolas de sambas e outras associações” podem ser consideradas como tribos urbanas. Não numa definição categórica onde tribo tem haver com uma forma de organização mas de forma metafórica onde “tribo” evoca, mais do que recorta. E evoca o quê? Primitivo, selvagem, natural, comunitário, características que se supõe estarem associadas, acertadamente ou não, ao modo de vida de povos que apresentam, num certo nível, a organização tribal.
3.Geralmente os atos missionários são mais audazes e contraditórios do que os evangelísticos apenas – Aqui é o cerne da questão. Não podemos analisar métodos missionários e julgá-los sem que saibamos exatamente em que contexto cultural ele está sendo aplicado.
As igrejas que estão realizando os blocos de evangélicos para realizarem missões urbanas são acusadas, muitas vezes por quem não entende sobre “atos missionários” e julga pela ótica da igreja local, que evangeliza comumente uma comunidade da mesma cultura e, por isso não tem que lidar com as loucuras de um “campo missionário”.
4.É claro que os perigos são muitos, mas o arriscar-se faz parte do mover missionário na face da terra - Os que saem nos blocos evangélicos, credenciados pelas igrejas, correm o perigo de se perderem no mundo. Não podemos ser ingênuos, mas a força do poder do evangelho, acredito, é suficiente para o risco que possamos ter. O que se pode fazer é a igreja preparar adequadamente todos que vão realizar esta missão, o que geralmente tenho visto por parte das igrejas inovadoras nesta área através de discipulado para todos os participantes.
Terminando, admiro as igrejas que, com visão missionária, estão descobrindo novas formas de alcançar o povo. Sei que assim como Deus tem um chamado especial para alguns, apesar de todos sermos missionários, creio que algumas igrejas têm um chamado mais ousado para a realização de missões urbanas.
Ao contrário de criticá-las, vamos louvar a Deus por iniciativas “loucas” que trazem resultados para o Reino de Deus, mesmo quando nossa vocação e de nossa igreja sejam diferentes.Fonte:GospelPrime
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