Durante séculos, a Igreja representa a crucificação de Cristo com os braços estendidos horizontalmente sobre uma cruz, lembrando o formato da letra “t”. Contudo, pesquisadores liderados por Matteo Borrini, da Universidade inglesa John Moores, tentam provar que a crucificação pode ter sido ainda mais cruel, pois os braços das vítimas eram pregados acima de sua cabeça, formando um “y”.
A equipe internacional que estuda o chamado “Sudário de Turim”, ou “Santo Sudário”, divulgou recentemente que, para os que acreditam que o pano é verdadeiro, Jesus de Nazaré morreu em uma posição diferente da que vem sendo retratada em crucifixos e pinturas ao longo dos séculos.
Embora questionado por muitos, o Sudário de Turim é provavelmente o artefato mais estudado na história. Trata-se de uma peça de linho na qual está impressa a imagem de um homem nu. Usando aparelhos de raio-X é possível fazer uma série de deduções, inclusive ver-se as linhas de sangue que escorriam pelo seus braços, além das outras feridas.
Em colaboração com outro pesquisador da Universidade de Pavia, na Itália, Borrini simulou diversas posições de crucificação para tentar estabelecer como seria o fluxo do sangue que corria do braço de alguém que recebeu um prego na mão.
A dupla descobriu que as marcas de ‘sangue’ no sudário correspondem a uma crucificação em Y, que segundo o estudiosos, “Foi uma posição muito dolorosa, que teria criado dificuldades para o crucificado até respirar”.
Ele explicou que a recente reunião da Academia Americana de Ciências Forenses mostrou casos semelhantes de crucificação ao longo da história que colaboram com suas conclusões. O médico dinamarquês Niels Svensson, que também estuda o Sudário, explica: “A impressão no Sudário não corresponde às muitas imagens artísticas tradicionais da crucificação.”
Enquanto a maioria da arte cristã mostra Jesus esticado em uma posição em forma de T na cruz, alguns pintores, incluindo Peter Paul Rubens, representado Cristo com seus braços acima de sua cabeça na cruz. As marcas dos cravos são nitidamente nos punhos e não perfurando as mãos.
O Dr. Borrini disse ao Mail Online que na época romana havia uma maneira comum de colocar as pessoas na cruz: “A estaca vertical era fixada no solo em uma área geralmente dedicado a penas capitais, enquanto o barra horizontal, chamada de patibulum, era carregada pela pessoa que seria crucificado”.
Para Borrini o fato de existirem poucos registros detalhando como alguém era crucificado naquela época mostra que era algo tão comum que não parecia necessitar de explicações. Se as autoridades queriam a morte da vítima mais rapidamente, ao quebrar-lhe as pernas tornaria a respiração quase impossível, o que está de acordo com os relatos do Novo Testamento.
Do ponto de vista teológico a maneira como Jesus foi crucificado, pelos punhos e em Y e não pelas mãos em T, não traz nenhuma mudança significativa, mas para os cientistas, a representação dessa maneira é mais historicamente precisa.
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