Todos os anos, na cidade de Nola, perto de Nápoles, no sul da Itália, centenas de homens movidos pela fé, acabam deformando seus corpos em nome de sua religião.
A anual Festa dei Gigli, ou Festival de Lírios, atrai milhares de visitantes - muitos dos quais vêm apenas para assistir os moradores locais transportar oito estruturas de 82 metros, pesando, aproximadamente, 910 kg, ao redor da cidade.
O enorme esforço deixa os homens com calos horríveis sobre seus ombros, que ao invés de escondê-los, são orgulhosamente expostos, como símbolo de sacrifício e devoção religiosa.
Apesar de parecer estranho, a cerimônia vem ocorrendo em Nola há mais de 1.500 anos. Os homens que participam do desfile, são chamados de ‘cullatori’.
O Festival de Lírios é dedicado a São Paulino, que segundo a tradição, desistiu de sua liberdade e de todos os seus bens para salvar os cidadãos de Nola, durante a invasão de visigodo em 410 d.C.
Este ano, o Festival de Lírios foi finalmente agraciado com o status de proteção da UNESCO - ou seja, os organizadores agora recebem uma pequena quantidade de dinheiro da ONU anualmente para garantir que tradição nunca morra.
Conhecido como Gigli - ou lírios - as estruturas gigantes são realizadas ao som de músicas religiosa e tradicionais canções folclóricas napolitanas.
O fotógrafo Antonio Busiello capturou as imagens marcantes dos Cullatori - inclusive com uma de suas imagens ganhando a medalha de ouro em uma exposição fotográfica em 2013.
Busiello diz que se orgulha de ter tirado as imagens premiadas e diz que admira a falta de vaidade dos participantes. “Em uma época onde muitos de nós estão obcecados com a aparência, os cullatori são felizes por deformar-se em prol da religião e da tradição”, diz ele. "Fiquei impressionado pela forma como orgulhosamente, apesar dos padrões de beleza de nosso tempo, eles usam seus calos enormes como símbolos de seu sacrifício e devoção a São Paulino”, declarou o fotógrafo.
O Festival de Lírios começa sempre no domingo que antecede a data de 22 de junho e dura sete dias.
Ao contrário de muitas celebrações religiosas realizadas na Itália rural, a tradição não mostra nenhum sinal de extinção. Com o novo apoio financeiro da UNESCO, acredita-se que, anualmente, um em cada 120 jovens torne-se um ‘cullatori’.
Ao contrário de muitas celebrações religiosas realizadas na Itália rural, a tradição não mostra nenhum sinal de extinção. Com o novo apoio financeiro da UNESCO, acredita-se que, anualmente, um em cada 120 jovens torne-se um ‘cullatori’.
Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / Antonio Busiello via DailyMail
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